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“Aedes do bem”: combate ao mosquito da dengue

Modificação genética impede o desenvolvimento das larvas, diminuindo a quantidade de insetos
Fêmeas do Aedes aegypti transmitem doenças como dengue e zika por meio da picada em seres humanos. Insetos geneticamente modificados podem reduzir a quantidade de larvas

A chegada do mosquito Aedes aegyptigeneticamente modificado a um bairro do município de Piracicaba, no interior paulista, reduziu em 82% a quantidade de larvas espalhadas pela região. O resultado foi divulgado nesta semana pela empresa britânica Oxitec, responsável pela alteração genética do mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O “Aedes do bem” possui uma modificação genética que impede o desenvolvimento das larvas.

Antes de chegar à fase adulta, o inseto morre e quando liberado, o macho de DNA alterado busca a fêmea para fecundação, mas as larvas não se desenvolvem, diminuindo a população de mosquitos, incluindo as fêmeas, que são as responsáveis pela transmissão de doenças por meio das picadas em seres humanos.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão colegiado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), aprovou, em abril de 2014, a liberação comercial do mosquito geneticamente modificado desenvolvido pela Oxitec. A CTNBio é responsável pela aprovação e regulação de transgênicos no Brasil e considera o “Aedes do bem” seguro para uso comercial no País.

“É bastante importante considerando a situação que nós estamos vivendo. É uma tecnologia que tende a ter impacto não só para a dengue, mas para as outras viroses, como zika e chikungunya”, disse o presidente da CTNBio, Edivaldo Velini.

Piracicaba enfrenta um dos maiores índices de casos de dengue, mas no bairro Cecap/Eldorado, onde o teste com o mosquito geneticamente modificado foi realizado, apenas nove casos de dengue foram registrados. Antes do uso do “Aedes do bem”, 124 casos haviam sido notificados. No período de uso da tecnologia no município, foram liberados 25 milhões de mosquitos machos estéreis no bairro. A fábrica em Campinas é capaz de produzir até 500 mil mosquitos por semana.

A tecnologia do OX513A foi desenvolvida em 2002 por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Testes iniciados em 2011 na cidade de Juazeiro, na Bahia, mostraram redução acima de 80% na população selvagem de mosquitos.

Alguns experimentos apontaram resultados de 93% de redução do Aedes aegypti que vive na natureza. O uso dos insetos da Oxitec no Brasil foi feito em parceria com a organização Moscamed. No momento, a Oxitec aguarda a autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercialização do produto.