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Se falta coragem… por Nilson Lattari, na crônica da semana

Foto de Sammie Chaffin na Unsplash

          Algumas vezes falta coragem. Coragem para qualquer coisa que se queira fazer, pensar, imaginar, porque coragem existe em todo mundo, todos somos corajosos, de alguma maneira.

E por que não ser corajoso com bravatas que desaparecem quando o momento exige? Coragem é para poucos.

E poucos somos para nos apresentarmos diante dos fatos e realizar e fazer aquilo que deve ser feito.

          Fazer, portanto, é um ato de coragem. Sair dos projetos e começar a criar as estruturas para o sonho se tornar realidade vai mais além de ser capaz de fazer.

Construir castelos de sonhos, que serão cartas, é mais fácil.

Pensar, planejar, colocar no papel não é um fato, é uma projeção, o problema está em sair na rua, ir para o espaço vazio e preenchê-lo.

          No entanto, uma coisa é pertinente a todos os sonhos que querem se tornar realidade; a certeza de que se está fazendo do modo correto, e, logo, preencher espaços vazios é completá-lo, milimetricamente, com paciência e dedicação, e não se preocupar com o ótimo, porque o bom e o suficiente já estão de bom tamanho.

          O problema da grandeza do sonho está na raiz daquilo que não somos capazes de realizar, porque existem sonhos que não cabem na realidade, e realizar o irrealizável já é o passaporte para o fracasso. Então, a coragem tem a ver com o discernimento, com o horizonte do provável.

Fora isso, é apenas uma noite de verão que despedaça o sonho.

Até mesmo o sonho, trazido para a vida real, precisa de uma certa moderação, e um certo comprometimento com o realizável.

Fazer coisas, projetar coisas além da nossa capacidade é o princípio da batalha perdida.

          Pensar na perda não cabe em nenhum projeto que queremos fazer, mas se faltar coragem o que fazer com o sonho? Será destinado ao engavetamento, ao arquivo da memória em honra daquilo que não somos ou não queremos ou não temos vontade de fazer.

          Mas tem uma hora em que a fronteira tem de ser ultrapassada, porque afinal queremos conhecer o outro lado e nos imaginar vivendo a realidade do sonhado.

E mesmo que a janela dessa fronteira seja alta o suficiente para nos amedrontar, temos que arriscar, organizar como um gato que coloca todas as partes do seu corpo em constante arrumação para dar o pulo… do gato.

Mesmo assim, tudo organizado e perfeitamente alinhado o pulo pode não dar certo, mas a coragem nos impulsiona a tentar.

          Considerando todos os prós e contras do nosso pulo, é importante encontrar uma janela no tempo, uma abertura que se apresenta para o fazer, o final de uma espera prolongada e esperada.

E aí, nesse momento, em que a janela se abre, dá aquele friozinho na espinha da hora que chegou.

E que venha a loucura e preencha esse vazio, porque depois que o foguete partiu, é curtir a viagem e colocar os planos para funcionar.