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Crônica da Semana: O sentimento de Pequenez, por Nilson Lattari

Foto de Markus Spiske na Unsplash

          Não sei se o título está adequado. Gostaria de escrever sobre esse sentimento de se considerar viver em um patamar abaixo na hierarquia social.

          Vamos voltar a tal história do ensinar a pescar. Fico imaginando alguém ensinando a pescar. O instrutor pega um anzol, coloca as iscas, procura uma posição no rio, que tem suas peculiaridades, a maneira de chegar e escolher o rio, o tipo de atitude para pescar um peixe, como lidar com a sua captura e outras coisas mais.

          Em seguida, depois da aula, o instrutor se retira e o seu aluno fica na beira do rio, sem nada nas mãos e se perguntando por que ele não sabe ou não pode pescar. É claro, que podemos ensinar as coisas a outros. No entanto, e as ferramentas? As pessoas aprendem e repetem o que aprenderam, aprimoram e se tornam experientes.

          Ensinar a pescar é fácil, o difícil é o equipamento e as condições para chegar no rio.

          É frequente, muitos que são ricos e bem-sucedidos apregoarem essa técnica de é preciso ensinar a pescar. Muitos chegaram lá por força do seu berço, de algumas falcatruas que são explicadas como expertise. Para aqueles que não conseguem chegar a derrota é creditada à vontade Deus ou porque não se esforçou.

          Para um profissional de serviços, que lutou, arduamente, por uma casa, não enxerga que o resultado do seu esforço está ali. Com poucos recursos ele consegue chegar a ser proprietário de algo. Lógico que ele trabalhou e muito. Seu esforço, por conseguinte, foi muito maior do que aquele que recebeu o anzol, a isca, o transporte até o rio, o aprendizado e, claro, aprendeu a pescar.

          Nada é possível para fazer as pessoas alcançarem o seu objetivo do que oferecer as mesmas ferramentas e condições para todos. Esse clichê de ensinar a pescar é a coisa mais medonha que possa ser dita para criticar aqueles que não têm e nunca tiveram as condições ideais para o seu progresso. Chega a ser desumana essa forma de ver o outro.

          Alguns exercem um trabalho duro, embora não reconhecido, talvez, por ser um trabalho incerto. Mas a procura por ele, a tentativa de fazer qualquer coisa que garanta a sua sobrevivência é louvável, e deve ser visto como algo positivo.

          Nunca ensine ninguém a pescar se não tem a possibilidade de deixar as ferramentas com ele.