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25 de Julho: Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

Foto_Aria Sant // Agencia Criativospr

História de superação da empreendedora negra Cynthia Paixão

25 de Julho: Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha reforça a história de superação da empreendedora negra Cynthia Paixão

A empresária tem trajetória marcada por ativismo no movimento negro e por presença marcante na cultura afro-brasileira

De acordo com o último Censo realizado pelo IBGE em 2022a população negra, composta por pretos e pardos, é majoritária na demografia brasileira, conferindo 55,5% da população. No entanto, mesmo sendo maioria, essa população ainda sofre com forte discriminação e sub-representação em cargos de alta gerência. Quando se traz um recorte de gênero, a realidade se torna ainda mais desoladora. 

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostram que mesmo mulheres negras correspondendo a 28,3% da população brasileira em 2022, há uma forte sub-representação em cargos de gerência. Segundo pesquisa do Ipea de 2020as mulheres negras ocupam a maior porcentagem na proporção de trabalhadores em ocupações precárias, chegando a 32,3% desse contingente populacional. Além disso, a taxa de desemprego entre as mulheres negras chega a 19,6%. Para efeitos de comparação, a mesma taxa em relação a homens brancos é de 9,8%.

Essa realidade reforça ainda mais a necessidade de valorização das mulheres negras. Desse modo, chama-se a atenção para o próximo dia 25 de Julho, conhecido como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. A data lembra e valoriza a força dessas mulheres, como a empresária Cynthia Paixão, que tiveram conquistas marcadas por muita luta e superação de desigualdades e discriminação.

Com uma história marcante na cultura afro-brasileira e no empreendedorismo, ela é fundadora da Afrocentrados Colab, uma loja colaborativa que apoia empreendedores negros e a primeira Agência de Modelos Plus Size do Nordeste. Mas se engana quem pensa que o sucesso no empreendedorismo foi fácil. Cynthia começou bem cedo e sob muita luta, aos 12 anos, como uma forma de complementar a renda da família. 

Além de empreender desde criança, ela também atuou em outros cenários, começando a carreira como dançarina e professora de dança afro, destacando-se como Rainha do Bloco Malê Debalê e Deusa do Ébano do Ilê Aiyê.

Outro ponto muito importante desse percurso é o forte ativismo do movimento negro e feminista, chegando a liderar projetos como o “Fala Preta!” e o Festival Bahia Plus. A empreendedora acredita principalmente no respeito aos diversos corpos e em sua beleza. Assim, a empresária realizou a curadoria artística da exposição fotográfica “Nossas Curvas Não se Curvam”, que celebra justamente essa beleza e a força das mulheres negras e gordas.

“A cultura afro é parte muito importante da minha história, são formas de expressão da nossa negritude e ancestralidade, mas também de resistência. Por isso, esse 25 de julho é muito importante. No Brasil, a data também significa o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi Rainha do Quilombo e uma das líderes da resistência contra a escravidão. É uma data que celebra histórias de superação e que nos lembra toda a luta por igualdade de direitos”, destaca.

Sempre lembrando das atividades como ativista e panfletária, Cynthia Paixão teve inspiração para a criação de sua loja. Na Afrocentrados, ela mantém viva a luta por uma sociedade mais justa. A loja incentiva o apoio a empreendedores afrodescentes, promovendo a circulação de recursos dentro da comunidade. É uma forma de fortalecer o movimento Black Money, pautado no empreendedorismo negro e no fortalecimento econômico desse grupo social.

O movimento Black Money visa fortalecer o empreendedorismo negro, por meio do incentivo do consumo de produtos e serviços produzidos por pessoas negras. No Brasil, dados do IBGE explicitam que o rendimento médio mensal de pessoas brancas (R$3.273) corresponde a  64,2% a mais do que de pessoas negras (R$1.994). Essa realidade mostra o porquê o empreendedorismo negro é tão relevante. Segundo dados do Movimento Black Moneyos empreendedores negros correspondem a 51% da categoria no Brasil, movimentando 24% do Produto Interno Bruto (PIB).

Esses dados mostram a importância de personalidades como Cynthia Paixão, que conseguiu uma importante conquista: a Afrocentrados se expandiu e abriu um espaço em um dos principais shoppings de Salvador – o Shopping Bela Vista.

“A Afrocentrados é uma loja colaborativa que visa esse fortalecimento dos microempreendedores negros. É uma forma de juntar forças e buscar um crescimento, alimentando toda uma cadeia econômica da cidade, o que contribui para o desenvolvimento de novos negócios”, comenta.

A loja colaborativa é uma iniciativa que apoia diversos programas voltados para o desenvolvimento social da comunidade, prestando também o serviço de consultoria para novos empreendedores negros que buscam uma mudança de vida. 

Cynthia Paixão, sendo uma mulher negra, ativista, com trajetória marcante na cultura afro-brasileira e empreendedora de sucesso, mostra que é possível sim prosperar e chegar a espaços que antes eram negados a essas pessoas. A Afrocentrados, assim, além de oferecer ferramentas para o desenvolvimento do empreendedorismo negro, também serve como fonte de inspiração, principalmente devido a uma história de muita luta, mas também de muitas conquistas.