fbpx

Acidentes vitimam crianças e preocupam especialistas

Nos últimos quatro anos mais de onze mil crianças de até 10 anos receberam indenização por morte ou invalidez decorrente de acidente de trânsito no Brasil

A lei é clara. Pelo Código Brasileiro de Trânsito, menores de sete anos não podem ser transportados em motos, menores de 18 anos não podem dirigir veículos e crianças de até dez anos só podem ser transportadas no banco traseiro, e com dispositivo de segurança. Mas a falta de atenção a essas normas pode ser uma das principais causas do grande número de acidentes envolvendo crianças no Brasil, afirmam especialistas de trânsito. A estatística sobre o assunto é alarmante. Só nos últimos quatro anos, de setembro de 2008 a agosto de 2012, 11.358 crianças faleceram ou ficaram inválidas permanentemente devido a acidentes de trânsito. É o que aponta levantamento do Seguro DPVAT, que indeniza vítimas de acidentes de trânsito no Brasil.

Os dados apontam ainda que os automóveis são os principais responsáveis pelas ocorrências, representando 54% dos casos, seguidos pelas motocicletas, veículo que esteve envolvido em 33% dos registros. Analisando regionalmente, o Sudeste tem o maior incidência de ocorrências (28%), seguida pela Região Sul (27%) e pela Região Nordeste (25%). “Se fizermos um paralelo com as frotas destas regiões, verificamos que a Região Nordeste representa apenas 11% da frota de automóveis do Brasil, enquanto as Regiões Sul e Sudeste possuem 21% e 56%, respectivamente. Por isso, proporcionalmente, podemos perceber que o Nordeste tem um peso grande nessa estatística”, aponta Ricardo Xavier, diretor-presidente da Seguradora Líder DPVAT, administradora do Seguro DPVAT no Brasil.

De acordo com Fernando Moreira, pediatra e especialista em medicina do tráfego, o envolvimento de crianças em acidentes de trânsito é cada vez mais recorrente. “Prevejo que em pouco tempo teremos um colapso de atendimento na saúde, pois a cada dia vejo chegar mais e mais pacientes crianças devido a acidentes de trânsito, principalmente de moto. Muitas vezes já presenciei crianças de 10 e 11 anos que chegam acidentadas e estavam dirigindo o veículo”, afirma o médico.

Outros especialistas apontam ainda que o desrespeito às leis de trânsito, não só diretamente relacionadas às crianças, é a principal causa de acidentes com vítimas. “Esse desrespeito não só ao Código Brasileiro de Trânsito como a todas as resoluções do país proporcionam cada vez mais acidentes, que inclusive crescem em época de feriado prolongado. Evitar o excesso de velocidade, álcool, drogas e a introdução de tecnologia dentro do veículo são alertas que são dados a todo o momento, mas as pessoas não se conscientizam disso”, aponta Dirceu Rodrigues, Diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Pelo levantamento realizado, 4.056 crianças com idades de 0 a 10 anos perderam a vida em decorrência de acidentes de trânsito no período analisado e outras 7.302 sofreram algum grau de lesão proporcionando invalidez permanente. Os números englobam tanto as crianças que estavam sendo transportadas como aquelas que eram pedestres. Os acidentes envolvendo ônibus e caminhão registraram, juntos, 993 óbitos e 516 casos de invalidez permanente. A pesquisa considera as indenizações solicitadas de acordo com a data de ocorrência do acidente. As estatísticas ainda podem evoluir, visto que as vítimas têm até três anos para dar entrada no pedido do Seguro DPVAT.