Bahia tem 8 das 20 cidades com altos índices de homicídios contra negros
Vitória da Conquista está em 12º lugar
Simões Filho é o segundo município com mais casos no ranking do governo.
“Temos um problema preocupante”, diz sociólogo sobre situação do estado.
Entre os oito primeiras cidades baianas do ranking, duas estão situadas na região metropolitana, Simões Filho (2º) e Lauro de Freitas (7º); três na região sul, sendo Porto Seguro (5º), Eunápolis (14º) e Teixeira de Freitas (16ª); e duas no sudoeste, são elas Itabuna (10º) e Vitória da Conquista (12º). Valença (17º), no litoral sul, completa a lista dos 20 com maior índice de homicídio no país.
De acordo com o sociólogo Júlio Jascobo Waiselfiz, que desenvolveu a pesquisa, a proposta é que os dados sirvam para auxiliar nas decisões das políticas públicas de segurança do país. “Temos um problema preocupante, não só na Bahia, como no Pará, Alagoas e outros estados, que registraram taxas absurdas em comparação com os níveis internacionais”, pontua.
Brasil
Em 2010, 28,5% dos homicídios foram registrados contra brancos e 71,1% contra os negros. O restante dos crimes foram classificados para as demais categorias, como indígenas, pardos e amarelos. Em 2002, foram 41% dos homicídios registrados contra brancos e 58,6% contra negros, índices que demonstram redução de vítimas brancas e aumento da morte de pessoas negras.
“Considerando o país como um todo, o número de homicídios [contra] brancos caiu de 18.867 em 2002 para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito anos. Já os homicídios [contra] negros tiveram um forte incremento: passaram de 26.952 para 34.983, aumento de 29,8%. Destacam-se, pelos pesados aumentos de vítimas negras: Pará, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte”, destaca um dos trechos do estudo.
Ainda de acordo com o documento, em 2010 o Brasil registrou uma taxa de 27,4 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, assumindo a quinta posição entre 90 países pesquisados em todo o mundo.
Taxa de vitmização negra
O estudo utiliza o termo “taxa de vitimização negra” para relacionar os números com as mortes de brancos e negros. Segundo a pesquisa, em 2010, o número de homicídios contra negros foi 132,3% maior do que a taxa de homicídios contra brancos, ou seja, para cada pessoa branca que foi morta, 2,3 negros foram vítimas de homicídios, proporcionalmente. A capital baiana ficou na 42ª posição entre os municípios do país, com uma taxa de vitimização negra de 263%.
Oito unidades da federação ultrapassam a marca dos 100 homicídios, considerada preocupante, por cada 100 mil jovens negros, na seguinte ordem: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. Em comparação, no ano de 2002, a taxa de vitimização negra foi de 65,4%, no ano de 2006 cresceu para 90,8% e, no ano de 2010, foi de 132,3%.
O autor
Julio Waiselfiz é um sociólogo argentino que mora há mais de 30 anos no Brasil. Ex-diretor de pesquisa da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), atualmente trabalha para o Centro Brasileiro de Estados Latino-Americanos (CEBELA) e para a a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).
O relatório é elaborado desde 1988 e chega à 19ª edição em 2012. Segundo o documento, o Brasil sempre ocupou as maiores taxas de homicídios em comparação com o mundo. O autor cita na pesquisa que “nas diversas comparações internacionais que realizamos a partir dos dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil sempre ocupou uma das primeiras posições em função de seus elevados índices de homicídio: país violento em uma das regiões mais violentas do mundo: a América Latina”.