Brasil e China ampliam patamar das relações bilaterais
Em visita de Estado do presidente Xi Jinping, Brasil e China ampliam patamar das relações bilaterais
Países assinam 37 atos nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura.
Elevar a Parceria Estratégica Global entre Brasil e China ao patamar de Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável, além de alicerçar a cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial.
Este foi um dos principais desdobramentos dos encontros, acordos e parcerias consolidados a partir da visita de Estado do presidente da República Popular da China, Xi Jinping, ao Brasil.
O líder chinês foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, 20 de novembro, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
No contexto desta visita, quase 40 atos internacionais foram assinados em áreas como comércio, agricultura, indústria, investimentos, ciência e tecnologia, comunicações, saúde, energia, cultura, educação e turismo”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República.
“No contexto desta visita, quase 40 atos internacionais foram assinados em áreas como comércio, agricultura, indústria, investimentos, ciência e tecnologia, comunicações, saúde, energia, cultura, educação e turismo”, listou o presidente Lula, durante sua declaração à imprensa.
Parceria oficial
A parceria oficial entre os dois países data de meio século, além de manterem relação profícua na coordenação de organismos internacionais, como Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC), além de grupos como G20 e BRICS, entre outros.
Lula fez questão de ressaltar que o encontro fortalece ainda mais a parceria estratégica entre as nações, na defesa da reforma da governança global e em prol de um sistema internacional mais democrático, equitativo e ambientalmente sustentável.
São visões referendadas pelo lado chinês.
“Sendo os dois maiores países em desenvolvimento, em seus respectivos hemisférios, China e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e de promover uma ordem internacional mais justa e equitativa. Vamos aprofundar a cooperação em áreas prioritárias como economia e comércio, finanças, ciência e tecnologia, infraestrutura e produção ambiental.
E reforçar a cooperação em áreas emergentes, como transição energética, economia digital, interagência artificial e mineração verde”, afirmou Xi Jinping, durante sua declaração.
Apesar de distantes na geografia, há meio século China e Brasil cultivam uma amizade estratégica, baseada em interesses compartilhados e visões de mundo próximas. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu recorde histórico de…
— Lula (@LulaOficial) November 20, 2024
Sinergias
Na pauta do encontro também foram incluídos temas como sinergias entre políticas e programas de investimento e desenvolvimento dos dois países, bem como estreitamento de relações bilaterais e coordenação sobre tópicos regionais e multilaterais.
“Estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica e a Iniciativa Cinturão e Rota”, listou o presidente brasileiro.
Força tarefa
Lula garantiu que, para que os acordos sejam implementados, uma Força-Tarefa sobre Cooperação Financeira e outra sobre Desenvolvimento Produtivo e Sustentável serão estabelecidas e vão apresentar projetos prioritários em até dois meses, além dos esforços mantidos para dar seguimento ao Diálogo MERCOSUL-China e ao aprofundamento da cooperação na área de investimentos.
Mundo melhor
Para o líder chinês, é hora de ambos os países, juntos, buscarem desenvolvimento, cooperação e justiça, em vez de pobreza, confrontação e hegemonia, e, assim, construírem um mundo melhor.
O presidente brasileiro ressaltou o suporte do governo chinês à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada oficialmente há dois dias, durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, que já tem a adesão de mais de 80 nações.
“A China foi parceira de primeira hora nessa empreitada para devolver a dignidade a 733 milhões de pessoas que passam fome no mundo em pleno século 21”, disse Lula.
Busca pela Paz
Outro tema abordado na reunião dos dois líderes foi o fim das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Lula lembrou que sem paz o planeta tampouco estará em condições de construir soluções para a crise climática, outra meta compartilhada com a China.
“O interesse chinês pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil para remunerar a preservação desses biomas, confirma que há alternativas eficazes para financiar o desenvolvimento sustentável”.
Ucrânia e Palestina
Xi Jinping ressaltou que somente quando houver uma visão de segurança comum, cooperativa e sustentável será possível uma trilha de paz duradoura.
“China e Brasil emitiram entendimentos comuns sobre uma resolução política para a crise na Ucrânia e criaram o Grupo de Amigos da Paz sobre a crise na Ucrânia, junto com os outros países do sul global.
Devemos reunir mais vozes que advogam a paz e procuram viabilizar uma solução política.
Sobre o conflito no Oriente Médio, o presidente chinês afirmou que é necessário focar na Palestina. “É a causa raiz. Apelamos por um cessar-fogo imediato”, reforçou o líder chinês.
Autoridades
Uma série de autoridades acompanharam o encontro, entre elas o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Juscelino Filho (Comunicações), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), além do assessor especial Celso Amorim, do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do presidente indicado ao Banco Central, Gabriel Galípolo, do embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, e da ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do NDB, o banco do BRICS.
Honras
O presidente Xi Jinping foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama, Janja da Silva, com honras militares.
Ele assistiu às apresentações da banda do Comando Militar do Planalto e fez a revista às tropas da Guarda Presidencial.
Os dois líderes tiveram uma reunião restrita e outra ampliada durante as quais foram discutidas medidas de fortalecimento entre os países.
Após a cerimônia de assinatura dos atos, foi oferecido um almoço no Palácio da Alvorada.
À noite, no Palácio do Itamaraty, haverá um jantar que encerra a visita oficial.
O presidente chinês deixa o país nesta quinta-feira, dia 21.
É a segunda vez que Xi Jinping visita o Brasil. A primeira foi em 2014, quando foi recebido pela então presidenta Dilma Rousseff.
Histórico
A visita do líder chinês a Brasília reforça o sucesso das relações diplomáticas entre os dois países, cujo fluxo comercial cresceu mais de 17 vezes desde que o presidente Lula esteve na China pela primeira vez, em 2004.
Uma relação que tem se mostrado estratégica e essencial para os dois países.
O gigante asiático continua a ser o principal destino dos produtos agrícolas brasileiros, com exportações recordes de US$ 60,24 bilhões em 2023, aumento de US$ 9,53 bilhões em relação a 2022.
Parcerias
Entre os dez principais produtos agropecuários exportados pelo Brasil em 2023, a China foi o principal destino de oito deles.
Além da soja, integram a lista milho, açúcar, carne bovina, carne de frango, celulose, algodão e carne suína in natura, contribuindo para a segurança alimentar chinesa.
Comércio
Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157,5 bilhões, com superávit brasileiro inédito de US$ 51 bilhões.
Nossas exportações somaram US$ 104,3 bilhões, superando o somatório das vendas para Estados Unidos e União Europeia (UE).
Desde 2009, a China é uma das maiores fontes de investimento externo no Brasil, considerado o quarto maior destino dos investimentos chineses no exterior.
Empresas chinesas vêm participando de licitações de projetos de infraestrutura e têm sido parceiras em empreendimentos como a construção de usinas hidrelétricas e ferrovias, o que representa geração de emprego, mais renda e sustentabilidade para o Brasil.
Diversificação
A expectativa brasileira é diversificar o perfil da cooperação bilateral, buscando novas áreas na fronteira do conhecimento, como inteligência artificial, semicondutores, energias renováveis (enfrentamento à mudança do clima e na transição para energias limpas, sobretudo eólica, solar e biomassa). Além disso, há interesse em expandir elos entre universidades, por meio de intercâmbio de alunos e pesquisadores.
Lula na China
Em abril de 2023, o presidente Lula realizou sua terceira visita de Estado à China. O encontro resultou na mais abrangente declaração conjunta emitida por Brasil e China até então, tratando de cooperação em áreas variadas – desde assuntos econômicos, comerciais, de segurança alimentar e de cooperação espacial até temas internacionais, como o conflito na Ucrânia –, demonstrando a multidimensionalidade dos interesses compartilhados. Na ocasião, foram assinados 15 atos governamentais e anunciados 32 acordos empresariais, em áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura. Outros nove instrumentos foram celebrados entre estados da federação e outras entidades ou empresas brasileiras e chinesas. No campo do meio ambiente, foi adotada declaração conjunta sobre o combate à mudança do clima.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República