Contas em atraso: 7,53% a mais em empresas
Número de empresas com contas em atraso cresce 7,53% em
dezembro, mostra indicador do SPC Brasil
Cenário econômico de baixo crescimento compromete fluxo de caixa das empresas. Segmento do comércio
concentra metade das dívidas não quitadas
O volume de empresas com dívidas atrasadas registrou nova alta no mês de dezembro. De acordo com o indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a quantidade de empresas inadimplentes apresentou crescimento de 7,53% em dezembro de 2014 na comparação com o mesmo mês de 2013. Foi a segunda menor variação anual da série histórica para o último mês do ano. Já na passagem de novembro para dezembro, sem ajuste sazonal, houve crescimento de 0,40%na quantidade de pessoas jurídicas inadimplentes.
Os devedores com dívidas mais antigas, que venceram há um prazo entre três e cinco anos, apresentaram a maior variação: alta de 12,54% em relação a dezembro de 2013. Já aqueles com as dívidas atrasadas num período mais recente, com até 90 dias mostraram o segundo maior crescimento, com variação positiva de 9,14%.
Comércio concentra metade das dívidas não pagas
Todos os ramos da economia apresentaram crescimento no número de empresas inadimplentes. A abertura do indicador por segmento revela que o setor de serviços foi o que apresentou maior crescimento no atraso no pagamento de contas: alta de 10,96% na comparação entre dezembro de 2014 contra o mesmo mês de 2013. A segunda maior alta ficou por conta das indústrias (7,13%), seguida por aquelas que pertencem ao comércio (6,51%) e também pelas empresas que formam o ramo da agricultura (2,09%). O setor do comércio concentra sozinho quase a metade (49,50%) do total de empresas que devem a outras empresas jurídicas. Dentre os setores credores, ou seja, aqueles que deixaram de receber os valores que lhes são devidos, o segmento de serviços, que engloba bancos e financeiras além de outros segmentos, é quem mais se destaca, concentrando 71,39% de todas as dívidas.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a significativa participação do comércio dentre as empresas inadimplentes se deve ao seu crescente papel na cadeia de consumo. “Como muitas empresas do comércio desempenham funções não só frente ao consumidor final, mas também intermediam outras relações de negócio como atacadistas exercendo o papel de distribuidoras, o segmento ganha importante participação na economia e responde também pela maior parte da inadimplência”, explica a economista.
Crescimento mais intenso na região Sudeste
O maior crescimento no número de empresas inadimplentes foi registrado pelo Sudeste, onde a quantidade de devedores cresceu 7,62%, seguido pelo Nordeste, cuja alta anual foi de 7,28%. A alta menos expressiva ficou por conta do Sul, cuja variação apresentada no período foi de 3,85%. As regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram crescimento de 5,31% e 4,70%, respectivamente, na quantidade de empresas que não honraram compromissos financeiros. O Sudeste é a região que concentra a maior parte das pessoas jurídicas inadimplentes (43,80%), seguido pelo Nordeste (19,20%) e pelo Sul (17,15%).
Na avaliação dos economistas do SPC Brasil, a dificuldade dos empresários em manter em dia os compromissos financeiros está diretamente relacionada ao cenário econômico de baixo crescimento e de inflação e juros em patamares elevados. “A baixa confiança do consumidor, que também atua sobre a confiança dos empresários, influenciou ao longo de todo o ano de 2014 a deterioração da capacidade de pagamento das empresas”, explica a economista.
Baixe a série histórica em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos