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Crônica da Semana: O velho e o novo

O velho e o novo. Crônica de Nilson Lattari//Foto de Dietmar Becker na Unsplash

Por Nilson Lattari*

A tentação pelo novo, pelo diferente é sempre desejada. Quem não se encanta com tudo que é novo?

O carro, a casa, a decoração, a roupa, enfim, tudo aquilo que tem um cheiro especial, que nos encanta. Por ser a primeira vez a usufruir, curtir.

O novo é o fascínio do consumo, querer sempre a novidade, aquilo que é trazido pelos bons ventos.

Ao contrário do antigo, do velho, a sensação é de reviver alguma coisa que foi ultrapassada pelo tempo.

Quem gosta de um cheiro de mofo, de indesejado?

Alguma coisa que perdeu o perfume, que não tem mais encanto. Que nada mais é possível extrair dali. O velho é passado, é tudo que não se quer mais. É lembrança para ser esquecida.

Enquanto o novo é o futuro.

Não é difícil escolher. Afinal, o que vem pela frente é a incógnita, é a imaginação que se transformará em realidade. O desejo que toma forma. Fruto das descobertas humanas.

O novo, realmente, é encantador.

O novo, no entanto, pode ser esquecimento. Um novo é novo porque esquecemos que foi construído por antigas bases.

Nada que é novo nasceu por ele mesmo. O novo nasceu da experiência que o velho deixou.

O velho é o aprendizado. São os erros coletados durante a sua existência. O velho é o acúmulo de erros, portanto.

E o novo a consequência desses erros. Por isso, o novo nunca teria aparecido se o velho não preparasse o caminho até ele

Nada mais romântico que o velho e as lembranças que se perderam com o tempo. Quando as revoluções acontecem, é o velho que finalmente se abre para o futuro.

São as velhas lutas, a insistência em lutar contra os absurdos que fazem o novo surgir.

O novo é o parto das antigas pendências que a humanidade deixa. Ser velho é uma sucedânea de situações novas. Na verdade, o novo é a tentativa de tornar o velho realidade.

Se tentamos alguma coisa nova todos os dias, é a experiência da luta, a velha luta contra os absurdos que proporcionam as boas-vindas das coisas novas.

O novo é a coisa mais velha que temos. Porque sempre tentamos saídas para nossas vidas e para a vida da sociedade em que vivemos.

Ser novo é tentar para que as coisas velhas, os velhos ideais progridam.

Quando o novo ataca o velho, ataca aquele que vai gerá-lo. O velho é o cansaço com os absurdos, de conviver com eles. Nada é mais novo do que a velha luta por um mundo melhor.

Ao final de tudo, não existe o velho e o novo. Existem as lutas que se rejuvenescem e tentam, sempre, revigorar o mundo em que vivemos.

Sempre lutaremos por uma vida e um mundo melhor. As lutas serão as mesmas, velhas como o tempo. E o novo é a esperança que o velho cultiva para um futuro melhor.