Faculdade é período de economiaO sonho de fazer uma universidade acompanha a maioria dos jovens brasileiros. Porém, com a concorrência, cada vez maior, por vagas em universidades públicas e com o sucateamento do ensino público no país, os estudantes de baixa renda ficam fadados a estudarem, apenas, nas faculdades particulares. Infelizmente, isso tem um custo: em média uma mensalidade, por sua vez, fica na faixa de R$ 670, o que faz com que o sonho de entrar na universidade tenha um preço muito alto, levando, muitas vezes, à inadimplência. Fora isso, os estudantes que entram nesse novo estágio têm diversas outras preocupações financeiras. Diferente do que ocorria anteriormente no colégio, o número de livros e textos que o aluno tem que ler é muito maior; tem também o custo de transportes e aumentam as baladas e os eventos sociais. O caso se torna ainda mais grave quando o estudante muda de cidade; nesse caso, ainda existe o custo de moradia, alimentação e viagens. Veja algumas dicas de economia para essas situações: - Buscar economizar o máximo possível na utilização de papéis e cadernos. Busque utilizar cadernos de outros anos que tenham folhas em branco, bem como folhas de sulfite já utilizadas de um lado como rascunho;
- Apesar dos problemas de direito autorais, que dificultam as cópias dos textos, é interessante formar um grupo de estudos com colegas, para que possam compartilhar textos. Dessa forma, se possuem quatro textos para ler, uma cópia de cada será suficiente para os quatro, mas é importante que os quatro tenham o mesmo ritmo, para que não haja confusões;
- Não deixe de aproveitar as baladas, mas selecione as que realmente valem a pena e as que são mais econômicas. Diversão não é sinônimo de gastos;
- Sobre transporte, sempre existem os passes para estudantes. Utilize os transportes públicos. Se isso não for possível, busque revezar ou dividir o carro com o maior número de pessoas possíveis;
- Se trabalhar, busque sempre ter uma reserva no fim do mês para imprevistos futuros que podem fazer com que tenha que parar o curso em caso de desemprego;
- Caso não trabalhe, é a hora de buscar um estágio remunerado; além de ser bom para o currículo, o dinheiro que recebe poderá ser utilizado para reduzir os custos de sua família com a mensalidade e para que você comece realmente a conquistar sua independência;
- Busque descontos nas mensalidades ou mesmo créditos educacionais, mas lembre-se, esses terão que ser pagos no futuro. Por isso, já deve começar a fazer uma reserva extra;
- Se for morar fora, busque morar em repúblicas com pessoas que tenham as mesmas condições financeiras que você e com o aluguel mais baixo possível. Faculdade não é fase de status, e sim de estudo;
- Evite comer fora com frequência; cozinhar é uma solução econômica. Também, existe a possibilidade de levar lanchinhos em vasilhas ou mesmo os lanches naturais;
- Por mais que a saudade dos familiares seja grande, a universidade é um momento de conquistar seu espaço. Não é necessário viajar todo o fim de semana. Mas cuidado, ficar em outra cidade não é sinônimo de sair, bagunçar e gastar, e sim de se encontrar.
A faculdade é uma fase de crescimento e nesse processo está o da capacitação financeira. Todo cuidado é pouco para que você realmente cresça e tenha um futuro adequado para o seu crescimento profissional. Financiamento estudantil é uma dívida de valor que deve ser utilizada Grande parcela dos jovens que não consegue ingressar no ensino superior em função da falta de condições financeiras. Infelizmente se observa uma grande distorção com as universidades estaduais e federais sendo ocupadas em sua maioria por jovens que tiveram a oportunidade de estudar em um colégio privado de melhor qualidade e os jovens dos colégios públicos não conseguem competir em igualdade. Por mais que se tenham as cotas, o resultado é que a maioria das vagas das universidades públicas fica com os estudantes com maior renda e quem os estudantes com menor renda ainda necessitam arcar com faculdades particulares. Com isso se inicia outro problema, pois este aluno de menor renda ainda terá que arcar com o valor das mensalidades, o que leva às dificuldades em pagar uma universidade privada, e consequentes dívidas ou evasão escolar. Na busca de reverter esta desigualdade, possibilitando aos jovens que não têm a mesma chance de obter o conhecimento a ter acesso aos cursos superiores, o Ministério da Educação concede o crédito estudantil com a chancela FIES – Financiamento Estudantil. A cada ano o governo vem melhorando e desburocratizando o acesso a este instrumento de apoio à educação, tornando-o uma grande oportunidade para que a desigualdade de acesso seja diminuída. Até brinco que deviam mudar o nome de Financiamento Estudantil para Investimento Estudantil, pois, com certeza esta linha de crédito é uma dívida de valor, pois agrega um valor imprescindível, o conhecimento. Além de ser uma dívida de valor é importante ressaltar o baixíssimo juros cobrado pelo Governo Federal 3,4% ao ano, ou seja, 0,29% ao mês. E, para melhorar ainda mais esta oportunidade, o FIES possibilita uma carência de dezoito meses após o término do curso superior para que se inicie a amortizar (pagar) a dívida, dando ao jovem a oportunidade de ingressar em sua área de atuação e conseguir saldar em suaves prestações que se estendem em até três vezes o período do curso. Por exemplo, em um curso de quatro anos, o aluno iniciará a pagar as parcelas após dezoito meses de sua formação, tendo doze anos para pagar. É um longo tempo, porém, muito válido pela baixa prestação que, em média, será um terço do valor da prestação mensal do curso financiado. Uma dica para o jovem que já está ou entrará no FIES e que esteja trabalhando e se atentar à importância de poupar, isto é, guardar parte do dinheiro que está ganhando. Para se ter idéia, se um jovem resolve guardar uma quantia aproximada de R$ 350,00 mensais até a data que pagará a primeira parcela do financiamento, a possibilidade de quitar o financiamento é grande visto que os juros serão no mínimo o dobro do cobrado no FIES. É preciso aproveitar a oportunidade e guardar dinheiro para o sonho de quitar o financiamento, não se esquecendo de outros sonhos. O FIES é uma ótima ferramenta de mudança em nossa sociedade, pois os jovens com benefícios como esse começam a ter acesso à instrução e a educação é a grande ferramenta para desenvolvimento de nossa sociedade. Também é importante utilizar esta oportunidade para que o jovem inicie o hábito de administrar o dinheiro corretamente. Veja pontos para melhor entendimento do FIES: - Não precisa estar matriculado em uma instituição de ensino superior para solicitar a inclusão no programa, possuindo assim, baixíssima burocracia, e não necessitando de fiador;
- A faculdade escolhida deverá ter nota acima de 3 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade);
- A principal vantagem deste programa são os juros baixos de 3,4% ao ano, 0,29 ao mês, muito abaixo dos praticados no mercado;
- Se o aluno poupar aproximadamente 50% do valor da mensalidade, terá grande chance de quitar o financiamento quando for pagar a primeira prestação do FIES;
- O pagamento da prestação do financiamento será o equivalente a 2/3 do valor da prestação do curso;
- O estudante terá que pagar uma pequena parcela a cada três mês durante o curso de R$ 50,00;
- O prazo de financiamento será sempre três vezes o prazo total do curso exemplo: para um curso de quatro anos o financiamento será de doze anos.
- As inscrições no Fies podem ser feitas em qualquer época do ano pelo site do programa e ainda o aluno poderá financiar de 50%, 75% até 100% do valor do curso.
- Os candidatos que têm 60%, ou mais, da renda familiar mensal bruta per capita comprometida com a mensalidade podem pedir financiamento de 100%. Estudantes com comprometimento de renda igual ou superior a 40% e inferior a 60% podem pedir financiamento de 75%. Já alunos com comprometimento de renda igual ou superior a 20% e inferior a 40% podem financiar 50% da mensalidade.
- É importante que o aluno faça a opção pelo curso correto, que agregará valor em sua vida, pense que após o termino do mesmo terá uma dívida de longo prazo, é o mesmo de pagar por aquilo que não utilizará.
Carteira de Estudante permite acesso à cultura O período da vida dedicado ao estudo é muito importante. É nele que conquistamos grande parte dos conhecimentos e também enfrentamos dificuldades financeiras, por não se ter ainda uma carreira consolidada e receber salários e bolsas com valores baixos, isso quando recebemos. Em função dessa dificuldade e da necessidade dos estudantes adquirirem as mais variadas experiências culturais, existem alguns benefícios que desabonam os estudantes. Por exemplo, as carteiras de estudante, que possibilitam descontos de 50% em eventos culturais e que, sem dúvida, são uma grande conquista. Apesar de considerar esse benefício pequeno perto do que seria adequado (acesso gratuito à cultura, subsidiado pelo governo), sempre recomendo que os jovens aproveitem ao máximo esse direito. Mesmo não sendo o ideal, é fundamental que todos os estudantes tenham essa carteira e aproveitem esses descontos com responsabilidade e coerência, aprimorando a cultura, que valorizará seu desenvolvimento profissional e humano. Assim, essa é a hora de aproveitar os mais variados descontos que a carteira permite, como ingressos para peças de teatros, shows, cinema, descontos na compra de livros e viagens. À primeira vista, pode parecer que não, mas o acesso a eventos culturais é uma ótima forma de o estudante investir no seu futuro profissional, pois proporciona várias descobertas, abre caminhos para o desenvolvimento de novas ideias, é uma forma de criar uma boa rede de relacionamento, entre outras vantagens. Mas alerto que, mesmo com ótimos descontos, é importante ter controle de quanto se gasta, para que o benefício não se torne uma ferramenta para o endividamento. Nada de ir, indiscriminadamente, a todos os eventos que acontecem por ter o desconto, pois o peso será muito grande no orçamento no fim do mês. É necessário avaliar a importância do evento cultural e o que ele trará de benefício. Também é muito importante saber que, em um evento cultural, existem outros custos envolvidos. Por exemplo, para ir ao cinema, também se gasta com transporte, pipoca, refrigerante, balas. Outra dica é que o jovem, ao escolher um evento, anote o valor total do ingresso e o que ele economizou, ou seja, a metade. Esse valor é uma excelente oportunidade para iniciar o caminho e o grande sonho da sua independência financeira e, portanto, deverá ser guardado. Mas, se isso não for possível, a cultura deve ser priorizada. Todo investimento nesse campo é como uma poupança, que será bastante significativa para iniciar a trilha para realização de seus sonhos. Tenha em mente que a cultura valorizará você não apenas nos relacionamentos pessoais, mas também nos profissionais, sendo determinante na hora de uma empresa contratar alguém ou mesmo promover. A cultura e a educação são ferramentas para a melhoria das condições da população e, para o estudante, a carteira de estudante é a melhor forma para conquistar, cada vez mais, o saber que, certamente, ajudará a se tornar um profissional instruído e capacitado para o mercado. Primeiros salários: o que fazer? A inexperiência no trato com o dinheiro, os impulsos consumistas e a facilidade em obter crédito fazem com que seja crescente o número de jovens brasileiros endividados. Combater essa situação, organizando as finanças, é bastante complicado. Para isso, os jovens devem saber o que fazer com os primeiros salários e bolsas-auxílios. “Ganhei o primeiro salário do meu primeiro emprego! Vou comprar um monte de coisa e fazer uma balada muito legal!”. Esse é o pensamento da maioria dos jovens logo que recebem, pela primeira vez, seu salário. Contudo, apesar dessa ideia parecer muito boa, ela pode ser um grande erro, pois é fundamental que o jovem saiba o real valor do dinheiro que recebe, para que atinja seus sonhos. Sempre pergunto aos jovens: porque vivem em um padrão de vida acima do que podem? Porque o dinheiro não dá para chegar ao fim do mês? Será que o salário é insuficiente, suficiente ou já permite poupar? Você está na situação de endividado, equilibrado financeiramente ou já é investidor? As respostas, normalmente, refletem uma situação de endividamento. Um dos motivos é que os jovens querem viver intensamente o hoje, esquecendo que o futuro pode reservar adversidades. É importante viver o hoje, mas isso não impede que, diante dos primeiros salários, os jovens comecem, de imediato, a planejar e construir o futuro, com muita segurança e a certeza de uma vida melhor, com qualidade de vida, aposentadoria tranquila e independência financeira. Para isso, é preciso que, desde já, o jovem sonhe com as realizações; saber quanto custa e quando quer que ele seja conquistado. Com a metodologia DSOP de Educação Financeira, isso é plenamente possível, aprendendo a poupar para atingir esse objetivo. Quando falamos no primeiro emprego, observo que, há muito tempo, o mercado de trabalho está se tornando muito competitivo, e não só com outros jovens concorrendo, com profissionais muito preparados, que passaram, até mesmo, a concorrer diretamente com os jovens que estão no mercado de trabalho. Assim, cada vez mais é importante que, paralelamente ao trabalho, jovens busquem a oportunidade de ingressar em uma instituição que as capacite para o mercado de trabalho, ampliando cada vez mais essa possibilidade de informações. Um dos pontos que sempre procuro levar aos jovens, de modo geral, é que independente da atividade que ele irá praticar ou exercer, ele não pode deixar de lado a educação financeira. Tenho observado que, junto com os primeiros salários, os jovens também começam a contrair as primeiras dívidas. Isso é fácil de entender, pois eles têm dinheiro e estão expostos ao marketing publicitário e o credito fácil; ambos fazem verdadeiros estragos na vida financeira de nossos jovens. O marketing faz com que se deseje algo que nem mesmo tinha planejado e o crédito fácil faz com compre algo que não sonha com o dinheiro que não tem e, daí, o endividamento se inicia e o jovem – pela falta de educação financeira – acaba se acostumando em viver uma vida totalmente desregrada. O caminho para mudar essa situação é o que chamo de Metodologia DSOP de Educação Financeira, que se baseia em quatro pilares: Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar. O primeiro pilar é “diagnosticar” a vida financeira, isto é, fazer uma “fotografia” da situação financeira, saber o ganho líquido, o que gasta, o que tem de dívida ou quanto tem de dinheiro guardado. Deverá também saber para onde está indo cada centavo do dinheiro gasto: cafezinho, lanches, baladas, pizzas, cinemas, até mesmo a gorjeta. No fim do mês, deverá ser totalizado e analisado. Certamente, a surpresa será muito grande, pois as pessoas não sabem onde gastam, principalmente quando se trata de pequenos valores. São esses pequenos hábitos e costumes que, muitas vezes, representam despesas desnecessárias e supérfluas. O diagnóstico financeiro deve ser feito frequentemente. O segundo pilar é o “sonhar”, que significa estabelecer objetivos que quer realizar. Quando estabelecemos sonhos, temos que saber o quanto custa e em quanto tempo queremos realizá-lo. Exemplo: quero uma televisão de plasma que custa R$ 2.000,00 e não tenho o dinheiro para comprar à vista. A orientação é que se guarde parte do dinheiro para realizar esse sonho; se puder guardar R$ 200,00 por mês, esse sonho será realizado em 10 meses. É importante ainda ressaltar que temos sonhos de curto (até um ano), médio (de um ano até dez anos) e longo prazos (acima de 10 anos). Esse pilar é essencial para que a pessoa não desanime e foque seus objetivos. “Orçar” é o terceiro pilar, que consiste em registrar os números apurados no orçamento e no apontamento de despesas durante os meses. O orçamento servirá para uma visão plena da situação financeira, o quanto ganho, os gastos totalizados e o quanto estou reservando de dinheiro para os sonhos. A diferença neste orçamento é que, primeiro, vem o ganho, desse tiramos o valor do sonho, para, depois, dedicar o valor restante às outras despesas. Em um orçamento financeiro normal, a forma utilizada é: o ganho menos os gastos e o saldo poderá ser lucro ou prejuízo, o que não garante que mesmo tendo lucro realizará seus sonhos. Por fim, temos o pilar “poupar”, ou seja, guardar dinheiro. Poupar engloba todos os tipos de investimentos: caderneta de poupança, título do governo, CDB, ações, entre outros. Esse pilar é que garante a realização dos sonhos. O tipo de investimento que o jovem irá fazer dependerá do prazo de seus objetivos. Assim, não adianta investir em ação se precisa de dinheiro de curto prazo. Para obter informações sobre o melhor tipo de investimento para sua situação, é sempre interessante buscar um especialista. Estamos em um país em pleno desenvolvimento e temos que quebrar o ciclo de gerações endividadas e construir uma nova geração de pessoas educadas financeiramente. O primeiro passo é sempre o mais importante, mas temos que pensar e caminhar passo a passo, porque os valores que serão guardados para alcançarmos a saúde financeira são pequenos, mas, se somados, gerarão a tão e importante independência financeira. Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Eu mereço ter dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país. |