Dia da Enfermagem é comemorado na Câmara Municipal
Texto e fotos: Ascom Câmara VC
O dia da enfermagem, comemorado no de 12 de maio, foi lembrado na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) na noite dessa quinta-feira (12) em uma audiência pública proposta pelos vereadores Gilzete Moreira (PSD), Ademir Abreu (PT), Cícero Custódio (PSD) e Juvêncio Amaral (PSB). Além de enfermeiros e técnicos de enfermagem, participaram da sessão a secretária municipal de saúde, Karine Brito; Diretora do Hospital Geral de Vitória da Conquista, Marilene Ferraz Barbosa; Maria Lúcia Dantas, representando o hospital Samur; Patricia Ferreira, Enfermeira fiscal COREN; Simone Galvão, enfermeira: Lygia Matos, Diretora do hospital Afrânio Peixoto; José Gustavo Cabral da Silva, coordenador de enfermagem do Esaú Matos.
Gilzete Moreira (PSD)
O branco de sua roupa transmite a paz – O presidente da casa, Gilzete Moreira (PSD) , iniciou a sessão lembrando da importância do profissional de enfermagem para com a sociedade. “Neste dia desejamos a todos vocês muita paz, alegria, prosperidade e sucesso nessa profissão tão amada”, falou.
Redução de carga horária e piso salarial – O vereador Juvêncio Amaral (PSB), iniciou sua fala durante a sessão relatando a história da enfermeira Ana Nery, que trabalhou na guerra do Paraguai como enfermeira voluntária. Ele acrescentou ainda, que “falar desta categoria, é falar de um profissional que as vezes as pessoas não enxergam como ela é fundamental nas unidades hospitalares, as vezes ela é invisível para as pessoas”. Ele relatou ainda, que “nós técnicos de enfermagem, enfermeiros, vivenciamos momentos difíceis nos corredores dos hospitais”. Cobrou mais investimentos por parte dos governantes, para que olhem para a categoria de uma forma diferenciada. “Todas as profissões têm piso salarial e nós não temos. As vezes recebemos o mínimo do mínimo para cuidar da vida das pessoas. Os caminhoneiros têm piso salarial, os professores também, mais que justo, mas a gente não tem”, lamentou. Por fim, o parlamentar lembrou das dificuldades que enfrentou durante o exercício da profissão: “Às vezes somos humilhados, temos que arrumar um colchonete de maca para descansar duas horas e eu fiz muito isso”. E cobrou a redução de carga horária da categoria para 30 horas/semanais.
Importância do trabalho em equipe – A enfermeira Simone Maria Galvão Oliveira destacou a importância do evento. Salientou a importância de todo o trabalho da Equipe de Enfermagem no cuidado ao ser humano, família e comunidade, promovendo acolhimento, conforto e bem estar dos pacientes. Esclareceu que hoje, a equipe de enfermagem tem que ter competência gerencial e de liderança “e que esteja alinhado com todos os setores incluindo administrativos e assistenciais. Lidam com paciente/cliente nas 24 horas e conhece quais são os problemas que apresentam e buscam ajuda para aliviar sua dor”. Acrescentou que houve evolução nas conquistas e reconhecimento da categoria em Vitória da Conquista, mas “precisamos nos unir mais e lutar pelas 30 horas de jornada semanal, acabando com a sobrecarga de trabalho”.
É preciso mais união – a enfermeira e também fiscal do Coren-Ba, Patrícia Rocha Gonçalves Ferreira, afirmou que, em oito anos de atuação na entidade, percebe melhorias. Segundo ela, em Conquista, existiam instituições que “nem enfermeiro tinha”, técnicos em enfermagem é que assumiam essa função. Para Patrícia, com a fiscalização e o aumento não só no número de enfermeiros, como também de técnicos e auxiliares, nas instituições de saúde, a situação melhorou. Ela explicou que o Coren fiscaliza 40 municípios e acredita que, com mais união da classe, o panorama pode progredir. Para ela, o enfermeiro tem que ter consciência de seu valor e direitos. “Nós precisamos nos impor, mostrar nosso valor”, disse.
Evolução com o passar do tempo – A Senhora Lúcia Maria Dantas Dória, administradora do hospital Samur, lembrou que a profissão de enfermeiro se resume em “Gente cuidando de gente, essa é a função do enfermeiro que cada dia se prepara para cuidar das pessoas”. Ela acrescentou ainda, que é o enfermeiro que está lado a lado com o paciente 24h por dia. “Essa profissão dá assistência ao paciente e merece o nosso respeito”, falou, acrescentando que o enfermeiro faz a diferença em qualquer lugar. “A gente briga muito pelo acolhimento que é gente cuidar de gente”. Por fim, ela levantou a questão da carga horária, falada pelo vereador Juvêncio, que já esteve pior. “Há 34 anos atrás era de 44 horas semanais. Reduzimos 8horas por semana e isso nos pesou muito mas enfrentamos. A situação ainda é vai ser suportada pelas instituições, porque 30 horas ainda pesa, mas com certeza isso ainda vai chegar. No início era difícil arranjarmos enfermeiro, saímos de 2 e hoje temos no Samur 47 enfermeiros e deverá, dentro de 3 meses, acrescentarmos mais 12 enfermeiros.
Sem luta não há certeza de vitória – A ex-vereadora e atual diretora do Hospital Especializado Afrânio Peixoto (HEAP), Lygia Matos, disse que “as pessoas nos chamam de anjos e nós questionamos essa palavra. Anjo é um ser que serve e não precisa de nada em troca. Nós servimos, mas precisamos de salário digno, condições de trabalho e vínculos empregatícios seguros”. Afirmou que enfermagem é uma ciência. “Éramos enfermeiros assistenciais e hoje somos gestores, auditores, atuamos em diversas vigilâncias. Crescemos”. Acrescentou que “precisamos humanizar a cada dia a nossa assistência”. Destacou que “nossas atividades são muitas e importantes. Somos fundamentais para a manutenção da vida”. Salientou que “a enfermagem não sabe a força que tem. Sem ela tudo para. Somos despolitizados. Esquecemos de lutar por nós. Sem luta não há certeza de vitória”.
Enfermeiros estão na linha de frente – A enfermeira e diretora do Hospital Geral de Vitória da Conquista, Marilene Ferraz Barbosa, evidenciou o trabalho pioneiro de profissionais que construíram a trajetória da enfermagem na região. Ela mesma, chegou em Conquista em 1980 para atuar no Hospital Crescêncio Silveira. Marilene lembrou que, na época, o Brasil lutava contra a paralisia infantil e eram os enfermeiros que estavam na linha de frente. A diretora atentou para as dificuldades e desafios que as instituições de saúde enfrentam e pediu que a Câmara acompanhe, discuta e apoie essas causas.
Todos juntos em prol da categoria –José Gustavo Cabral da Silva, coordenador de enfermagem do Esaú Matos, falou da satisfação de utilizar o espaço público para “falar de uma profissão que dificilmente é vista pelos outros, é um prazer”. Lembrou que é uma profissão comum e por isso as pessoas não enxergam, mas que são profissionais que precisam ser reconhecidas. “No ano de 1998, quando iniciei faculdade nosso salário era de R$2 mil, o que era equivalente a 10 salários mínimos. Hoje em 2016, alguns lugares pagam R$ 1 mil para o enfermeiro. O retrocesso foi grande”, lamentou. Sobre a carga horária, para 30h semanais, “estamos falando de um profissional que não esteja sobrecarregado para cuidar de outras pessoas. Somos poucos que podemos ter dois empregos, mas a carga de trabalho vai refletindo na produtividade”. E clamou toda a categoria para que juntos lutem pela profissão.
O lado romântico da enfermagem – Representando o Hospital do Instituto Brandão de Reabilitação (IBR), Patrícia Oliveira Chagas, afirmou que também atua como técnica no Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC), Hospital de Base. Ela disse que “ainda vejo o lado romântico da enfermagem. Muitas vezes os pacientes só querem nosso afago. Não tem esperança de viver, apenas querem o anjo humano que somos nós. Não quero abandonar nunca meu lado romântico da enfermagem”. Apaixonou-se pela profissão devido a um problema de saúde de sua mamãe. “Quero transparecer esse amor de cuidar dos meus familiares, ao meu paciente. Já descansei debaixo do balcão, no fundo de almoxarifado. O salário é pouco, mas o sorriso do paciente é maior que isso. Somos humanos. Chorar e sorrir pelo paciente é muito bom. Feliz dia do enfermeiro, do técnico e auxiliar para todos os que estão envolvidos na área de saúde como eu estou”.
Profissionais que fazem a diferença – A secretária municipal de Saúde, Karine Brito, destacou a profissão de enfermagem como sendo prioritária para a gestão de saúde. Ela informou que, atualmente, a prefeitura conta com 150 enfermeiros e aproximadamente 500 técnicos e auxiliares. Karine ainda ressaltou que enfermeiros são maioria em funções de gestão em instituições de saúde. Ela acredita que cerca de 90% desses postos são ocupados por esse tipo de profissional. Para ela, isso reforça a importância da enfermagem. A secretária reconheceu as dificuldades e desafios enfrentados pela classe como a dupla jornada de trabalho. Ela também assentiu que são profissionais fundamentais que têm contribuído para as políticas de saúde e melhoria dos indicadores.
Confira o álbum de fotos da audiência pública:
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