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Dívida grega é reduzida pela metade em acordo que tenta salvar euro

Segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o pacote é um esforço “ambicioso” dos países para pôr fim à crise da dívida pública da Grécia e aos problemas econômicos de Itália e Espanha.

Às 4h da manhã (1h no horário de Brasília), após 11 horas de negociações, os líderes fizeram o anúncio oficial de um plano de ação com três principais linhas: sobre a solução do problema da dívida da Grécia, sobre o fundo europeu de resgate e sobre o aumento da liquidez de bancos.

Dívida grega

Os bancos privados que possuem títulos da dívida da Grécia aceitaram perdas de 50% nos seus papéis, o equivalente a 100 bilhões de euro (US$ 140 bilhões). A medida deverá diminuir a relação dívida-PIB da Grécia para 120% em 2020. Nas condições atuais, essa relação poderia chegar a 180%.

Este ponto do acordo foi o de mais difícil negociação, já que os bancos não queriam aceitar perdas superiores a 40%. Foi preciso a intervenção direta da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – que têm emprestado à Grécia desde maio de 2010 – fornecerão outros 100 bilhões de euros ao país.

Fundo de resgate

O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) – o principal mecanismo da região para resgates de países e bancos – será aumentado dos atuais 440 bilhões de euros para um trilhão de euros. Esse dinheiro seria usado para ajudar países como Espanha e Itália a lidarem com seus problemas econômicos.

Os detalhes dos mecanismos para aumentar os recursos do fundo serão negociados em novembro, de acordo com Sarkozy. O EFSF poderia ajudar a mitigar crises de duas formas. Ao servir como uma espécie de seguradora aos bancos que comprarem papéis de dívidas de países em risco de calote. E ao criar um mecanismo especial de investimento, em parceria com o FMI, para atrair investidores estrangeiros privados e públicos e outros países, como Brasil e China.

Liquidez dos bancos

Os bancos europeus precisarão levantar cerca de 106 bilhões de euros (US$ 148 bilhões) até junho de 2012, para aumentar a estabilidade do sistema bancário. A medida serviria para protegê-los de eventuais perdas, caso outros governos ameacem decretar a moratória das suas dívidas. Há temores que Espanha e Itália possam seguir o caminho da Grécia.

Repercussão

Os líderes europeus vinham sendo criticados, nos últimos meses, por não adotarem medidas fortes o suficiente para lidar com a crise da dívida pública dos países da zona do euro. Nesta quinta-feira, eles disseram esperar que o novo acordo possa abrir caminho para o fim da crise.

“A zona do euro adotou uma resposta confiável e ambiciosa à crise da dívida”, disse Sarkozy à jornalistas em Bruxelas. Sarkozy disse que “a complexidade dos fatores e a necessidade de se chegar a um consenso significam que nós tivemos de passar horas negociando”. O presidente francês disse esperar que o acordo traga “alívio a todo o mundo”.

O premiê grego George Papandreou elogiou o acordo anunciado nesta quinta-feira. “Nós podemos dizer que um novo dia chegou na Grécia, não só na Grécia mas em toda a Europa”, disse Papandreou.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou que o pacote “confirma que a Europa fará o que precisar para proteger a estabilidade financeira”. O acordo também foi defendido pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pela diretora do FMI, Christine Lagarde. “Eu acho que nós conseguimos atingir as expectativas, e nós fizemos o que é preciso fazer”, disse Merkel. Já Lagarde se disse “animada pelo progresso substancial feito em várias frentes”.

Indefinições

Apesar dos elogios, os próprios líderes europeus reconhecem que muitos detalhes do acordo ainda precisam ser esclarecidos. Ainda não se sabe como os países do euro vão levantar os fundos necessários para aumentar o ESFS de 440 bilhões de euros para um trilhão. Além disso, alguns analistas de mercado questionam se o valor será suficiente para conter uma nova crise, caso economias maiores que a da Grécia – como Itália e Espanha – também passem a ter problemas para pagar suas dívidas públicas.

Barroso afirmou que os detalhes do acordo ainda serão negociados no próximo mês, mas não existe uma data estabelecida para o final dos diálogos. Sarkozy deverá se encontrar com o presidente chinês, Hu Jintao, nos próximos dias para discutir formas de aumentar os fundos do EFSF e o mecanismo especial de investimento. Apesar das dúvidas que ainda persistem sobre o acordo europeu, os mercados asiáticos abriram em alta nesta quinta-feira, reagindo bem ao anúncio.

O índice Nikkei, da bolsa do Japão, teve alta de 1,6%. O Kospi, da Coreia do Sul, também subiu 1,2%. As bolsas de Hong Kong, Austrália, Taiwan, Cingapura, China, Indonésia e Filipinas acompanharam o movimento de alta.

Fonte: BBC Brasil