Ex-Ronaldinha também vira pastora
Viviane Brunieri relembra passado ao lado de Ronaldo, assume que usou drogas e se prostituiu antes de se converter.
Viviane Brunieri, que ficou conhecida como Ronaldinha em 1996 por conta do namoro com o ex-jogador Ronaldo, mudou radicalmente de vida. A ex-modelo virou missionária e atualmente prega em uma igreja evangélica de Peruíbe, litoral de São Paulo.
Apesar da conversão, ela faz questão de não negar o seu passado, que inclui momentos difíceis como uso de drogas e álcool, prostituição e um filme pornô. Em entrevista, Viviane contou que Ronaldo nunca soube de seu envolvimento com as drogas: “Ficamos juntos em 1996, me mudei para a Holanda. Abandonei tudo para ficar com ele, menos a metanfetamina (droga sintética que estimula o sistema nervoso e inibe apetite). O Ronaldo não sabia. A gente bebia muito, mas disso ele não sabia. Eu escondia.”
Ronaldo
Viviane conheceu o jogador em 1996 durante uma viagem ao Rio. Ela estava com 19 anos: “Eu fiquei num flat na Barra (da Tijuca, Zona Oeste da cidade) e meu irmão o conheceu na piscina. No outro dia, fomos para um pagode e começamos a namorar.”
Apesar da conexão rápida com o craque, Viviane diz que o relacionamento começou por interesse: “Eu vi a oportunidade de ficar famosa. Eu pensava: ‘Nossa, ele quer ficar comigo. É a chance que Deus está me dando’. Eu era ignorante.” O fim do namoro não a abalou. Em 1997, ela posou para a “Playboy” e lançou o grupo “As Ronaldinhas” com Nádia França, também ex do jogador: “Foi bom? Foi. Desfrutei de coisas, comprei casa para os meus pais, para minha tia… Mas eu não tinha estrutura espiritual e me perdi.”
O reencontro com o jogador aconteceu na Copa do Mundo de 2002, quando Viviane trabalhava para uma emissora japonesa e cobriu o evento. “Foi uma benção. Nós saímos, o Brasil foi comemorar e fomos numa casa noturna. Foi um momento muito bom. Ele estava casado com a Milene (Domingues, mãe de Ronald), mas ele estava muito perdido também. Um cego não pode ajudar outro.”
Prostituição
Viviane diz que começou a se prostituir aos 16 anos, depois de um ano morando no Japão com a mãe: “Eu saí com um homem bem mais velho em troca de um valor financeiro. Esta foi minha primeira experiência. Eu era recepcionista, mas sempre me envolvendo com algum cliente.” Nessa época, ela teve contato com muito dinheiro e seus problemas começaram: “Ali eu tive meu primeiro relacionamento homossexual, as primeiras experiências com vicío do jogo e o contato com a metanfetamina. Foram 14 anos de dependência.” Um ano depois, ela voltou ao Brasil e conheceu Ronaldo.
Em 2002, de volta ao Japão, Viviane engravidou de seu primeiro filho e viajou para o Brasil. Três anos depois, decidiu retornar ao Japão para que o menino conhecesse seus avós paternos: “Em apenas 24 horas, comecei a cheirar e a beber de novo. Em 2007, eu já usava diariamente”, lembra. Foi em 2008 que ela recebeu a proposta de uma produtora brasileira para protagonizar um filme pornô. O valor do cachê oferecido e a chance de voltar a viver com sua família a convenceram a aceitar a proposta: “Pornô era algo distante da minha realidade, apesar de eu ter feito programa. Só vinha na minha cabeça que era normal, que Gretchen tinha feito.”
Segundo ela, durente o filme, percebeu que algo em sua vida estava errado: “Fui ao inferno e voltei. Eu pensei: ‘minha vida acabou’. Na cenas, me deu um ataque de choro. Eu olhava para a luz e via o demônio e uma voz falando que eu ‘já era’.” Depois do filme, ela voltou a se prostituir: “Eu gravei as cenas e despiroquei. Meu filho tinha tudo, babá, morava numa cobertura, mas eu era uma mãe ausente. Fazia shows e programas. Chegava em casa com R$ 25 mil em uma noite e gastava.”
Internação e conversão
Foi através de um amigo que ela conheceu o doutor Eduardo Baricelli (irmão do ator Luigi Baricelli), que a convenceu a buscar tratamento. “Aceitei a internação e fiquei um mês numa clínica, recebendo tratamento para um doente mental. E eu recomendo”, diz. Durante a internação, ela diz ter tido uma revelação que a levou à conversão. Em um sonho, Viviane se viu amarrada a uma cama com o filho ao seu lado: “Eu não conseguia falar que tinha contraído o vírus HIV, queria dizer para ele que eu era uma prostituta. Quando acordei, orei: ‘Deus, mesmo que eu tenha contraído o vírus, me dê uma chance. Eu vou te servir até o fim. Me dê uma chance de deixar algo para o meu filho.”
Fora da clínica, ela voltou a morar em sua cidade natal, Peruíbe, no litoral de São Paulo. De lá para cá, ajudou moradores de rua e atualmente faz um trabalho com mulheres, através da massagem e com cura espiritual. Viviane também prega em igrejas evangélicas: “Durmo e acordo com um só objetivo que, além do familiar, é salvar vidas, tirar jovens da prostituição.”
A nova Viviane
Longe das drogas desde 2009, ela diz que não faz nenhum tratamento: “O segredo é a palavra de Deus e preciso dela diariamente para não sentir ‘fome’. Se você estiver vazia, pode cair. Minha luta é para que eu não volte a fazer filme (pornô), que uma proposta não me abale.” Mãe de um menino de 9 anos e de uma menina de 5, ela conta que está solteira desde que deixou a clínica onde se reabilitou e não desisitiu de um sonho: “Há quatro anos estou sozinha, sem relação sexual ou namoro cristão. Mas creio que meu sonho vai ser realizar: quero casar de véu e grinalda.”