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Jitirana: a menina das mãos mágicas

Ilustração: Bruno Faria Luup. Texto Luana jornalista. Frente e Verso.

Novo livro infantil da escritora Márcia Mendes aborda deficiência visual e tem versão em braile.

Os livros são capazes de descortinar as janelas dos olhos que moram dentro da gente. Acontece, literalmente, assim com a menina Jitirana. Ela corre as mãos pelos pontinhos que indicam o caminho da fantasia antes de virar para a página seguinte para contar uma história para leitores de todas as idades. Tecido por meio de linguagem poética, o novo livro da escritora baiana Marcia Mendes – Jitirana, a Menina das mãos Mágicas – apresenta Amachi, a mãe, e Jitirana, uma criança com deficiência visual. E chega ao mercado com versão também em braile. “É importante trabalharmos a favor de uma literatura inclusiva, e não só nas temáticas e personagens, mas possibilitando recursos que favoreçam que as obras possam ser lidas por todos. Aos poucos, quero que minha obra tenha versões em libras e braile”, anuncia a escritora baiana Márcia Mendes.

O Braille é um sistema de leitura através de pontos destinado a pessoas com deficiência visual, que vem proporcionando a leitura de pessoas com deficiência visual desde 1825, além de também ser utilizado para demarcar ilustrações. Em Jitirana, o texto é trabalhado na metalinguagem, constrói uma narrativa invadida por outra para dialogar sobre temas importantes como: identidade, leitura, mulher negra, ancestralidade, territorialidade e amizade. “O livro é o encontro dos copilados: identitários, afetivos e de inclusão, uma história que nos impulsiona a cada dia a construir laços de amor e esperança. Um livro de encantamento afroafetivo”, define o escritor Marcos Cajé, que assina o prefácio da obra. 

A história de Jitirana acontece em Tucano, no interior da Bahia. Mais precisamente em um lugarejo chamado Buraco do Vento. Lugar bonito, de paisagem rude, crua e cheia de mistérios. Lá, Jitirana é o nome da espécie de uma flor rasteira que anunciava a chegada do outono naquela região de caatinga. Quando soube que uma vida brotava dela, Amachi batizou a filha em homenagem à flor do sertão.  

Enxergando com os olhos do coração, Jitirana cresceu de história em história. Fazendo sempre muitas perguntas, tendo a sede da curiosidade saciada por longas e amorosas explicações sobre tudo que não podia enxergar. Mas podia tocar, sentir. Com os olhos nas mãos, ia colorindo a vida. Cedo foi para a escola, como qualquer criança. Fez amizades, teve desilusões, chorou sozinha quando alguns colegas a excluíam das brincadeiras por não enxergar. “O livro fala sobre o valor da inclusão, da amizade e das potencialidades das pessoas que convivem com algum tipo de limitação. Jitirana é uma menina perguntadeira que aprendeu a ver com as mãos e que ensina muito, à família, aos professores, amigos, ao mundo”, destaca a autora.

Aposentada da rede pública de educação, Márcia Mendes dedica-se atualmente a uma intensa maratona. Entre participações em feiras literárias de várias partes do país, contações de histórias, mediações de leitura, jornadas pedagógicas e curadorias de eventos literários, como a FLIPASSÉ, I Feira Literária de São Sebastião do Passé que será realizada em novembro deste ano, haja fôlego.

“Essa feira literária tem sabor especial, a escola emerge como protagonista, as professoras fiam em suas salas de aula para que a LEITURA, a dona da festa, seja direito de cada criança, jovem, adulto e idoso que frequenta a escola”, diz emocionada a autora que comemora a receptividade ao seu trabalho. E não só pelos leitores mirins. Professores e profissionais da área de educação estão sendo sensibilizados pelas narrativas literárias da escritora baiana, genuinamente educadora. “É necessário estar investindo em leitura e formação constante para sermos educadores(as) antirascistas e estarmos atentos e sensíveis às necessidades dos(as) estudantes”, defende.

Foi essa sensibilidade aguçada que fez com que seu sétimo livro solo chegasse ao mercado literário com versão em braile, lançado pela Casa Editorial e com ilustrações assinadas por Bruno Faria Luup. Márcia ainda tem disposição para tocar o projeto Um livro para chamar de Meu, que faz doação de exemplares novos para crianças que não têm acesso à literatura. A iniciativa solidária, que começou no ano de 2017, já entregou mais de mil livros em várias cidades baianas. As próximas doações, seguidas de contação de história e prosa com a autora serão realizadas em São Sebastião do Passé, Maracangalha, Amélia Rodrigues, Tucano e Salvador, previstas para os meses de outubro e novembro.

Além da literatura, as crianças beneficiadas ganham afeto e esperança de escrever uma nova história. “Tem sido gratificante tecer essa história e semear leitura”, conclui a escritora que recentemente participou da Bienal do Rio de Janeiro. Em outubro, estará presente também na 3ª edição da Festa de Arte e Literatura Infantojuvenil – Arte e Identidade, na capital baiana, e na Bienal de Pernambuco. Outra novidade é a 2ª edição do livro Dandara, cadê você?, com novas ilustrações e música para embalar a leitura.

Sobre a autora:

Filha de seu Francisco e dona Trindade, Márcia Mendes é natural de Catu. Foi criada em outra cidade do interior baiano, São Sebastião do Passé, em um ambiente de pouco acesso à leitura. Cresceu sem ter um livro para chamar de seu, mas rodeada de “causos” que inspiraram a professora a ser tornar escritora. Dandara, cadê você?, Quem é Amora? A Gata que não era Xadrez, E o Cravo brigou com a Rosa, Histórias de lá e de Cá, Maria Felipa: Força e Poesia são algumas das obras assinadas pela professora, poeta e escritora Márcia Mendes.

Serviço:

O quê? Jitirana: a Menina das mãos Mágicas

Quem? Autora Márcia Mendes, com ilustrações de Bruno Faria Luup

Quanto? Os livros podem ser adquiridos por R$ 38,00 através do link https:// https://www.umlivroparachamardemeu.com.br/ou do contato direto pela conta comercial (71) 99142-0045.

Frente & Verso Comunicação Integrada//Jornalista Responsável: Fernanda Carvalho