Maioria dos candidatos a prefeito tenta um novo mandato
Levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que quase 60% dos candidatos nas eleições municipais deste ano já foram prefeitos entre 1997 e 2008. Dos mais de 5,5 mil participantes da corrida eleitoral, 3.299 já estiveram à frente das prefeituras e tentam retornar ao poder.
Entre os ex-prefeitos candidatos, a maioria exerceu o mandato entre 2001 e 2004: 1.431 no total. Entre os que comandaram os municípios de 2005 a 2008, 1.075 tentam um novo mandato e outros 793 candidatos deixaram de ser prefeitos há 12 anos. O estudo não contabiliza aqueles que estão tentando a reeleição.
Em números absolutos, Minas Gerais é o Estado com o maior número de ex-prefeitos candidatos, com um total de 570, seguido de São Paulo (439) e Rio Grande do Sul (292). Proporcionalmente, no entanto, é o Rio de Janeiro que se destaca: 77 dos 92 candidatos já estiveram no comando das prefeituras fluminenses, o que representa mais de 83% do total. Em seguida, estão Amazonas (79%), Espírito Santo (76%) e Alagoas (73%).
No fim do ranking está Roraima, onde apenas três dos 15 concorrentes de todo o Estado já estiveram no comando das prefeituras, isto é, apenas 20% do total. Amapá e Rondônia também têm poucos ex-prefeitos candidatos, com cinco e 11 elegíveis, respectivamente.
O estudo da CNM foi feito com base nos resultados das eleições municipais de 1996, 2000 e 2004 disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para efeito de cálculo, a entidade desconsiderou os prefeitos que faleceram, foram cassados ou renunciaram.
“Com estas bases de dados, confrontamos nome a nome os prefeitos eleitos em cada um destes anos com a relação dos candidatos registrados no TSE até 20 de julho”, explicou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
O cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto avalia que é uma característica típica da política brasileira a repetição, a cada eleição, dos nomes daqueles que já exerceram cargos públicos.
“O sistema político brasileiro não tem um mecanismo que garanta a renovação na extensão que nós gostaríamos porque os partidos, via de regra, são controlados por poucas pessoas ou poucos grupos”, explica. Segundo ele, também há uma percepção equivocada sobre a natureza dos mandatos elegíveis.
“As pessoas não entendem essa passagem pela vida pública como uma etapa. E querem continuar sempre exercendo cargos públicos. Isso bloqueia muito o acesso de novos candidatos nos partidos. O candidato perde a eleição, concorre, perde de novo e concorre novamente até ganhar”, avalia.
Peixoto afirma que o eleitor também é uma das partes deste círculo vicioso. “As estruturas não permitem a renovação, o que cria certa antipatia e desestímulo das pessoas em ingressar na política.
Há um certo domínio eleitoral e a obrigatoriedade do voto, faz com que as pessoas não se preocupem muito em participar da vida política e votem nas mesmas pessoas. Então gera uma passividade muito grande”, analisa.