Nota Pública sobre as mobilizações em Vitória da Conquista
Nos últimos dias, o Brasil inteiro passou a vivenciar dias intensos e gloriosos com o povo se colocando nas ruas em busca de uma nova nação. Trata-se de um grito de indignação de um povo historicamente excluído da vida política nacional, acostumado a enxergar a política como uma prática danosa à sociedade, mas com muito vigor decidiu mudar esta realidade. São manifestações coloridas de povo, onde se misturam negros, brancos, índios, mulheres, pobres, classe média, camponeses, movimentos sociais, população LGBT, religiosa, enfim TODO O POVO BRASILEIRO está nas ruas, unido pelo ideal de transformação. Com sua história de insurreição e de luta, o povo de Vitória da Conquista também está nas ruas contribuindo com as manifestações nacionais, mas que precisam adquirir caráter mais propositivo para pautas locais para que assim possamos alcançar vitórias concretas.
A reivindicação que essencialmente nos une é a melhoria do transporte público e entendemos que é com ela que devemos pressionar à Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores, a quem compete apresentar uma resposta concreta, com prazos marcados, para a reforma do terminal, implantação do bilhete único e dos novos postos de recarga de passe estudantil. Exigimos também a redução do valor das passagens do transporte público com redução dos lucros das empresas que exploram o precário serviço, sem que seja necessária adoção da política de desoneração de impostos. A padronização da frota – com atenção à acessibilidade, e às especificidades da Zona Rural -, a quebra do monopólio das duas empresas de ônibus coletivo e a revisão da composição do Conselho Municipal de Transporte, que é composto majoritariamente por aliados das empresas, são também pontos urgentes para serem sanados. As manifestações das ruas só devem cessar quando essas pautas forem atendidas!
As lutas nacionais também são nossas, mas não bastam paliativos, é necessário avançar nas reformas estruturais. Precisamos urgentemente aprovar a destinação dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação pública e, para isso, precisamos de 100% dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. A grande mídia (Globo, Veja, Folha, Estadão, entre outros) não podem continuar a manipular o povo brasileiro e somente uma ampla democratização dos meios de comunicação poderá mudar esta realidade. Sempre fomos contra a corrupção, mas se os políticos são corruptos, quem os corrompem? As empresas, banqueiros e latifundiários, através de lobbystas. Somente a reforma política que propicie métodos eficazes de controle popular, além do financiamento público das campanhas, é que minimizará a corrupção. No entanto, acabar com a corrupção não resolverá os problemas do povo brasileiro. O buraco é mais embaixo ou em cima! Enquanto 40% do PIB for destinado ao pagamento da dívida interna e o governo continuar com a nefasta política de privatização/concessão do serviço público, as riquezas produzidas pelo povo brasileiro continuará caindo no bolso da elite econômica.
Além disso, compreendemos que é necessário dar continuidade ao processo de mobilização. O gigante acordou, mas é preciso continuar caminhando. Propomos a criação de um amplo fórum de discussão sobre o transporte na cidade, e que tenha caráter permanente, onde possamos pensar e apontar ações concretas para a mobilidade urbana. Por fim, convocamos toda a população a se somar à Greve Geral convocada pelas Centrais Sindicais no dia 11 de Julho, à Jornada de Lutas pela Educação que acontecerá em agosto, aos protestos contra os leilões do petróleo e pela energia elétrica mais barata no dia 05 de setembro, e ao Grito dos Excluídos realizado todos os anos durante o desfile do 07 de setembro. Há muito o que reivindicar e muitas mudanças a serem promovidas no Brasil e, somente nas ruas, com união e determinação do povo brasileiro é que avançaremos.
QUANDO O CAMPO E A CIDADE SE UNIR, A BURGUESIA NÃO VAI RESISTIR!
Assinam esta nota: Associações de Moradores do Conveima I, Guarani, Loteamento Vila da Conquista II e Adjacências, Associação Baiana dos Estudantes Secundaritas, Consulta Popular, DCE da UFBA, DCE da UESB, Kizomba, ParaTodos, Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, Movimento Unificado de Moradores, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, Pastoral da Juventude, União dos Estudantes da Bahia, União da Juventude Socialista, União Municipal dos Estudantes Secundaristas.