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O mapa da oração

SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: “A oração política”, de René Padilla, edição 366

Texto básico: Mateus 6. 9-13

Textos de apoio:
– Gênesis 18. 16-33
– 1 Samuel 2. 1-10
– Salmo 72- Lucas 1. 46-55
– Atos 4. 18-31
– 1 Timóteo 2. 1-3

Introdução

Kallistos Ware, bispo da Igreja Ortodoxa Oriental, ensina que “nosso objetivo na vida de oração não é ter sensações ou experiências de um determinado tipo, mas pura e simplesmente conformar nossa vontade com a vontade de Deus”.Não acredito que o bispo ortodoxo pretenda negar a existência ou importância das emoções ou experiências em nossa vida espiritual, mas sim nos lembrar enfaticamente que o “fruto” da vida de oração será a transformação pessoal e comunitária. E, nesse sentido, a oração do “Pai Nosso” deve se tornar um modelo para nossa prática de oração. Não apenas por ser a oração que o próprio Senhor Jesus nos ensinou, mas também por apresentar um exercício de fortalecimento e aprofundamento da nossa confiança em Deus, o nosso Pai.

Como esta oração tem influenciado sua vivência de oração? Como valorizá-la como um modelo a ser seguido e utilizado, sem cairmos no erro de transformá-la numa repetição mecânica e ritualista? Como permitir que ela liberte nossas orações do individualismo e do egoísmo tão presentes em nossa vida cotidiana?

Para refletir e entender o que a Bíblia fala

1. Na oração do “Pai-Nosso” (Mt 6. 9-13) Jesus ensina seus discípulos a orarem utilizando a primeira pessoa do plural (“nós, nosso, nossa”). Obviamente, isso não significa que os discípulos nunca poderiam usar a primeira pessoa do singular (“eu, meu, minha”). Então, o que Jesus buscava  ensinar fazendo isso? Qual a importância dos discípulos aprenderem a superar o nível individual nas suas orações?

2. Na primeira parte da oração, Jesus ressalta a primazia do “nome” (pessoa) de Deus, do Seu “reino” e da Sua “vontade”. John Stott diz que é “relativamente fácil repetir as palavras do Pai  Nosso”; porém, o ato de orar estas palavras com sinceridade possui “implicações revolucionárias. Nossa prioridade se torna não mais a promoção do nosso insignificante nome, reino e vontade, mas do de Deus” (A Bíblia Toda, o Ano Todo, Ed. Ultimato). Utilizando suas próprias palavras, descreva o que significa buscarmos no dia-a-dia o respeito ao nome de Deus, a busca de seu reino e o cumprimento de sua vontade.

3. Na segunda parte do “Pai Nosso”, Jesus passa a enfatizar a dependência da providência graciosa de Deus. Que necessidades fundamentais da nossa existência estão incluídas nas três partes da oração (vv. 11, 12 e 13)? Como o suprimento destas necessidades por Deus podem transformar completamente a realidade social, espiritual e moral da nossa sociedade?

4. Como a petição pelo “pão nosso de cada dia” pode afetar o poder da ideologia de consumo reinante em nossa vida e nossa sociedade atual?

5. Você consegue perceber alguma dimensão social e política na oração do “Pai Nosso”? Qual seria, e como ela poderia influenciar sua vivência comunitária na família, igreja e sociedade?

Para Refletir

“Que lugar damos à política em nossas orações? Se formos honestos, teremos de admitir que para a maioria de nós a política não tem lugar em nossas orações. A raiz desse problema é o divórcio que fazemos frequentemente entre o sagrado e o secular. Sob essa perspectiva, a oração está na área do sagrado, e a política está na área do secular. Consequentemente, não há lugar para a oração política. […] Necessitamos tomar consciência da distância entre o que Deus quer para a vida humana e a situação em que a maioria das pessoas vive. Deus quer nos usar como seus colaboradores na tarefa de conseguir que essa situação mude. Para colaborar com Deus em seu projeto, necessitamos aprender a orar politicamente, movidos pela compaixão, pelo reconhecimento de nossa participação no pecado humano e pelo compromisso com a ação a favor dos necessitados”. (René Padilla)

“A paz trazida por Cristo não é uma fórmula de evasão individual nem de egoísta auto realização. Não pode haver paz no coração do homem que a procura para si só. Para encontrar paz verdadeira, a paz em Cristo, temos de desejar que os outros a tenham tanto quanto nós, e de estar dispostos a sacrificar algo de nossa paz e felicidade para que outros também as possam ter”.(Thomas Merton)

“Que espécie de Deus é esse que poderia estar interessado em orações tão egoístas e desleixadas? Seria Deus uma mercadoria que podemos usar para promover o nosso próprio ‘status’, ou um computador que podemos alimentar com palavras? Dessas noções indignas, nos voltamos com alívio ao ensino de Jesus de que Deus é o Pai nosso que está nos céus. Precisamos nos lembrar de que ele ama seus filhos com a mais terna afeição; que vê seus filhos mesmo em lugar secreto; que conhece as necessidades de seus filhos antes que eles peçam algo a ele; e que age em favor deles com seu poder celeste e real”. (John Stott)

Para Terminar

1. Como a oração do “Pai Nosso”, com cada uma de suas partes, pode se tornar um modelo para sua vida de oração?

2. A sua imagem de Deus é condizente com aquela apresentada por Jesus no “Pai Nosso”? Como a imagem de um “Pai” pessoal, amoroso e poderoso poderia ressignificar e revalorizar sua compreensão sobre a oração?

3. Que áreas em sua vida pessoal necessitam hoje de provisão de sustento, perdão e livramento? E quanto à comunidade ao seu redor (sua vizinhança, bairro e cidade), como você pode orar para que Deus forneça a ela estas três provisões?

Eu e Deus

Pai nosso, revela-te a mim não como te imaginei nem como os outros te estereotipam, mas como tu realmente és: criador de tudo o que existe, redentor amoroso de todo o teu povo. Inaugura teu governo, Senhor Jesus, e faze-me um cidadão participante dele. Amém. (Eugene Peterson, Um Ano com Jesus, Ultimato)

Autor do estudo: Reinaldo Percinotto Júnior
Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo “A oração política”, de René Padilla, publicado na edição 366 da revista Ultimato.