Pais lutam por internação domiciliar da filha com paralisia cerebral
Adolescente de 14 anos, que não fala ou anda, está há 2 meses internada.
Plano de saúde não instala atendimento domiciliar necessário para auxílio.
Os pais de uma garota de 14 anos que é portadora de paralisia cerebral, internada há dois meses em um hospital particular, tentam retirar a filha, que já recebeu alta, há cerca de 80 dias e não conseguem. Isto porque ela precisa de uma estrutura de atendimento domiciliar que ainda não foi executada pelo plano de saúde. Por conta da demora, a família precisou acionar a Justiça, que já determinou a transferência da adolescente, com pena de multa de R$ 100 por dia. Novamente sem efeito sob a operadora de saúde, a Justiça aumentou a pena diária para R$ 200 no dia 9 de janeiro.
“A gente está falando de uma vida. É a vida de Maria Stéfani, minha filha, que eu estou lutando muito. Nós estamos lutando muito, entendeu? Nós estamos lutando muito. Eu luto até o fim. Enquanto ela viver, eu vou lutar”, desabafa Ivo Alves, em companhia de sua esposa Claudia. “Ela chora quando a gente fala do irmão, ela entende, e ela não fala. Falo que ela vai para casa, ela faz biquinho para chorar. Quando um parente vai visitar, ela reage com choro. A gente não está aguentando mais”, lamenta a mãe. Por conta da doença, ela não anda, não fala e precisa de cuidados especiais.
No dia 5 de novembro, a filha do casal teve uma crise respiratória e precisou ser internada de forma emergencial em Salvador, onde eles moram. Depois de superar uma infecção e duas pneumonias, a garota recebeu alta. Ela deveria estar em casa desde a véspera do dia 25 de dezembro, porém a estrutura do home care não foi ainda instalada pelo plano de saúde.
De acordo com o Ministério Público da Bahia, o descumprimento da ordem judicial virou caso de polícia. “Não há que se admitir que a criança ou qualquer outro consumidor de idade diversa fique à mercê do interesse da operadora. Ela deverá cumprir, sob pena de prisão’, explicou a promotora de Justiça Joseane Suzart.
De acordo com Marcos Vinicius Lopes, diretor do plano de saúde, o problema é que a empresa que foi contratada para fazer o atendimento da paciente não informou se vai dar assistência em casa. “Tem um contrato. A gente tem uma empresa para captar e essa empresa não está captando. Tem certos perfils de clientes que a empresa tecnicamente percebe que não dá para captar”, disse.
Questionado sobre o papel do plano de saúde em exigir que a empresa prestadora de serviços cumpra a determinação judicial, o médico se irritou. “Você está vendo como está difícil conversar com você? O que eu estou te dizendo é que, quando vê pega uma pessoa em uma home care, tem um diretor técnico responsável, que é médico. Se ele não concordar com a indicação do colega do hospital de home care, ele nega, e eu não tenho como obrigar. Ela não é obrigada a praticar um home care que ela não acredite que esteja bem indicado, por questão de segurança da saúde do cliente. Culpa quem diz é juiz. Eu não sou juiz. Você é juiz?”, disse o diretor.