“A gente estava investigando este caso [do bebê de nove meses] e descobrimos uma outra situação de tráfico de seres humanos, onde foi simulada uma situação de parto em casa, parto feito por parteira aqui na região periférica de Vitória da Conquista. Nós descobrimos que essa criança [que nasceu em casa] foi comprada, foi vendida pelos pais e levada para São Paulo para adoção irregular”, afirmou Odilson Pereira, coordenador da Polícia Civil na região.

Segundo Pereira, os dois casos podem, “teoricamente”, ter relação, mas até o momento não há nenhuma confirmação. Ele disse que as investigações da criança que foi adotada ilegalmente em São Paulo são feitas em sigilo e que detalhes da operação da polícia só serão divulgados após o caso ser concluído.

Caso Matinha
A menina de nove meses foi levada por um homem na manhã do dia 29 de outubro, no povoado de Matinha, zona rural de Vitória da Conquista. A polícia informou que, como a única testemunha é uma criança de oito anos, trabalha com inúmeras hipóteses sobre o que teria acontecido com a criança desaparecida.

Família deixa povoado
Por temer que o fato possa acontecer com os outros filhos, os pais da criança decidiram deixar a casa onde moravam no povoado de Matinha e foram para Vitória da Conquista. A família disse que só pretende voltar para casa após conclusão das investigações da polícia.

O caso
Elisabete Dias, mãe da criança, disse que no dia do ocorrido foi buscar água em um local próximo de casa quando um homem aproveitou para arrancar o bebê dos braços do irmão, de 8 anos. “Fui pegar água. Coloquei ela para dormir ali e ele [filho] chegou da escola. Ele disse que foi na hora que uma pessoa entrou aqui, pegou ela e saiu correndo. Ele ficou com medo de me falar”, relatou.

De acordo com familiares e vizinhos, o pai do bebê não estava em casa quando a menina foi levada. Homens teriam chegado ao local em um carro vermelho e uma moto amarela estaria dando cobertura ao suspeito de roubar a criança. Uma menina de nove anos diz que chegou a conversar com o sequestrador minutos antes do bebê ser levado.

“Eu ia buscar um irmão que ia para a roça com minha mãe, aí passou um carro vermelho e [um ocupante] pediu água. E a moto [chegou]. Aí eu fui buscar, na hora que ele terminou de beber, ele mandou eu botar meu irmão dentro do carro e eu não botei. Ele falou que é só ele me encontrar na estrada, que vai me matar”, disse a garota.

A tia do bebê, que preferiu não ser identificada, acredita que o crime tenha sido encomendado.  Ela relata que um dia antes do fato, “Sabiam que meu irmão não estava em casa e forçaram a janela, desde ontem à noite forçando, sabiam que ele tinha ido para Conquista. E de manhã cedo, tinha alguém rondando a casa”, suspeita a tia