Eis o nome da iniciativa: “Ler… navegar por mares nunca dantes navegados…”, que pretende envolver também os familiares dos estudantes

“Quando eu leio um livro, eu viajo dentro dele”, conta Rebeca Hipólito, 9 anos, aluna do 3º ano do Ensino Fundamental. Atualmente, ela está ‘viajando’ nas páginas da obra “Jabuti sabido e macaco metido”, de Ana Maria Machado, que ela tomou emprestado da sala de leitura da Escola Municipal Pedro Francisco Morais, onde estuda no período matutino.

Além de Rebeca, outras presenças assíduas na sala de leitura são as de suas colegas Talita Duarte, 9, e Emily Góes, 10. Talita foi conquistada pela leitura recentemente. “Antes, eu não gostava muito de ler. Aí, fui começando, pouco a pouco, e gostei muito”, relata a garota, cujas atenções, no momento, estão voltadas para “A verdadeira história dos três porquinhos”, de Jon Scieszka.

Já Emily diz ter uma ligação intensa com os livros há mais tempo. “Quando eu chego lá em casa, a primeira coisa que eu faço é ler. Nem almoço…”, relata. Ela acaba de adquirir no acervo da sala um livro de fábulas, que será sua próxima leitura.

Recentemente, as três estudantes ocuparam as primeiras colocações entre os mais assíduos frequentadores da sala de leitura da Pedro Francisco de Morais, por cujas mesas passaram aproximadamente 220 leitores nos últimos dois meses. Em parte, isso se deve ao fato da escola já desenvolver iniciativas na área de incentivo à leitura entre os alunos.

“Projeto Ler…” – No entanto, uma novidade, surgida há pouco mais de um mês no Núcleo Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, tem grandes chances de intensificar ainda mais a presença dos livros na vida dos alunos – e não somente na Pedro Francisco de Morais.

Concebido no primeiro semestre, e posto em prática no mês de julho, o novo projeto está sendo implantado em todas as escolas e creches da Rede Municipal de Ensino de Vitória da Conquista. O nome parece tão impactante quanto suas pretensões: “Ler… navegar por mares nunca dantes navegados…”

A frase, extraída de um poema de Luís de Camões, sintetiza uma série de iniciativas de incentivo à leitura, destinadas a envolver não só os alunos, mas também seus familiares. O público-alvo é simplesmente a totalidade dos 42 mil alunos que compõem a Rede Municipal – aos quais se somam os familiares dos estudantes, que também são visados pelo projeto e convidados a compartilhar com seus filhos os efeitos do hábito de ler.

“A esperança é essa. É todo mundo estar com o livro. É o pai que vai à escola pegar o livro emprestado e levar para casa. E chegar de noite, ou depois do almoço, e ler para o menino”, explica Núbia Nadja Pereira, coordenadora do Núcleo Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação.

As iniciativas são dividas em quatro eixos estruturantes, cada um dedicado a um segmento de ensino: “Leitura em Família”, que envolve desde a Educação Infantil até o terceiro ano do Ensino Fundamental; “Sacolas Literárias”, do quarto ao sexto ano; “A Estante”, do sétimo ao nono; e “Ao Alcance das Mãos”, fechando o ciclo com os dois segmentos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

‘A leitura aciona’ – A primeira versão do projeto dura até o final do segundo semestre na Rede Municipal. Ao final desse período, haverá atividades de culminância nas unidades de ensino e entrega de certificados pelo desempenho dos alunos nas atividades de leitura. Estes também serão homenageados num Café Literário, a ser promovido pela Secretaria Municipal de Educação.

Na Escola Pedro Francisco de Morais, o Projeto Ler começou no final da última semana, em meio a declamação de poemas, dramatizações e exibição de obras do artista plástico Allan de Kard – com a presença do próprio, que conversou com os alunos. “A interação foi muito interessante”, analisa a agente de leitura Jeane Marie Rocha.

Para a programação deste semestre, agora reforçada com o Projeto Ler, a escola pretende incrementar a disseminação do hábito de leitura entre seus 380 estudantes, da Educação Infantil ao quinto ano do Ensino Fundamental. “Isso vai desenvolver o repertório dos alunos, despertar o senso crítico, ampliar o conhecimento geral e o vocabulário, e ainda facilitar a escrita. A leitura aciona tudo isso”, avalia a diretora Edna dos Santos. As leitoras Rebeca, Talita e Emily que o digam. Texto e fotos: Secom PMVC