Roberto Jefferson fala sobre o mensalão ao deixar hospital
‘Minha luta era com Zé Dirceu. Ele me derrubou, mas eu salvei Brasil dele.’
Presidente nacional do PTB trata de um câncer no pâncreas.
Assim que recebeu alta e deixou o Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (5), o presidente nacional do PTB, o advogado Roberto Jefferson, de 59 anos, disse que espera justiça no julgamento do mensalão, que afirmou estar acompanhando pela televisão.
“Acho que é o maior momento de afirmação da democracia do Brasil. Nunca nossas instituições de direto democráticas foram tão sólidas. Torço para que haja justiça e para que aquela corte constitucional afirme a democracia do Brasil cada vez mais”, afirmou o político.
“A minha luta era com o Zé Dirceu. Ele me derrubou, mas eu salvei o Brasil dele”, afirmou.
“Meu octógono de luta com ele (José Dirceu) já exauri. A luta agora é de vocês (imprensa), da opinião pública e dos ministros daquela corte (do STF)”, ressaltou.
O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luis Mendes de Oliveira Lima, disse apenas que “a defesa não vai perder tempo com o Roberto Jefferson”.
O ex-deputado, cassado em 2005, denunciou o esquema do mensalão no Congresso Nacional, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jefferson foi um dos 38 réus do julgamento do mensalão.
Ele estava internado deste o dia 26 de jullho para tratar de um câncer no pâncreas. O médico José de Ribamar Saboia de Azevedo afirmou que o paciente encontrava-se em condições clínicas favoráveis para receber alta.
Roberto Jefferson foi liberado pelos médicos para acompanhar o julgamento do mensalão de dentro do hospital. O cirurgião disse também que o tumor maligno do deputado tem 1,4 centímetros, mas dentro de uma lesão benigna.
Segundo os médicos, nos últimos dois anos o presidente do PTB perdeu 20 quilos. Roberto Jefferson, que estava com 104/106kg em 2010, atualmente pesa 82kg. A previsão é que Roberto Jefferson comece o tratamento de quimioterapia venosa cinco dias após a alta médica.
Cirurgia
No dia 28, Roberto Jefferson foi submetido à cirurgia de gastroduodenopancreatectomia cefálica (retirada de parte do estômago, parte do pâncreas, duodeno e parte do canal biliar). Além disso, os médicos retiraram os lifonodos regionais (gânglios linfáticos). O boletim divulgado após a cirurgia, que durou oito horas, informava que não havia sinais de que o tumor seria maligno. No entanto, os médicos ressaltaram que seria necessário aguardar o resultado definitivo.
Jefferson chegou ao Hospital Samaritano por volta das 8h do dia 26 de julho. No dia seguinte, o ex-deputado, cassado em 2005, passou por procedimentos pré-operatórios, como cuidados com alimentação e exames clínicos.
Réu no mensalão
Na sexta-feira (3), ao fim do julgamento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a prisão de 36 réus, incluindo o político. Gurgel pediu a absolvição, por falta de provas, de dois acusados: o ex-secretário de Comunicação Luiz Gushiken e Antonio Lamas, ex-tesoureiro do Partido Liberal, uma das cinco formações implicadas no escândalo.
Roberto Jefferson é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por, supostamente, ter recebido R$ 4 milhões do chamado “valerioduto”, que, segundo a denúncia, era operado por Marcos Valério e abastecia parlamentares aliados ao governo.
Em 2005, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Jefferson relatou o “modus operandi” do mensalão, detonando o maior escândalo político do governo Lula (2003-2010).
Dias depois, com o olho esquerdo marcado pelo que, segundo ele, foi um acidente doméstico, Roberto Jefferson passou a enfrentar a fúria da oposição às suas declarações que causaram, demissões, renúncias, discussões, acordos e toda essa parafernália em que estão metidos os réus ora em julgamento pelo Supremo.