Salon du Chocolat está movimentando 50 milhões
Produzir chocolates finos (gourmet), com 85% de cacau em sua composição, é a meta dos cacauicultores do sul da Bahia para os próximos cinco anos. Hoje, mais de 50% do chocolate consumido no Brasil é do tipo ao leite ou em forma de pó achocolatado, que contém apenas 25% de cacau em sua fórmula. Os desafios para tornar o País líder no setor serão apresentados no Salon Du Chocolat, realizado, pela primeira vez no Brasil, entre os dias 6 e 8 de julho, no Centro de Convenções.
Segundo Durval Libânio, presidente da Câmara Setorial do Cacau e coordenador do I Fórum Internacional do Cacau e Chocolate, evento que marcou a abertura oficial do Salon Du Chocolat, no Palácio Rio Branco, “a expectativa é que o salão movimente R$ 50 milhões em negócios durante e após o evento”, diz.
A Bahia, de acordo com Libânio, tem 32 mil produtores de cacau, que são responsáveis por 70% da produção nacional. Hoje, cerca de 100 produtores de cacau produzem o tipo gourmet, o que representa 2% a 3% da produção do Estado, mas a meta é aumentar para 10% em cinco anos.
Embora o Brasil seja o 5º maior produtor de amêndoa do mundo e de reunir outros elementos da cadeia produtiva, como volume disponível ao consumidor, detém menos de 5% da produção mundial, que é liderada pela África (75%). Nos tempos áureos, a Bahia chegou a produzir 377 mil toneladas de cacau, por ano, e hoje produz cerca de 160 mil toneladas. “Essa queda foi motivada pela vassoura de bruxa que atingiu o sul do Estado nos anos de 1986 e 1987. O Brasil perdeu 70% de sua plantação e sua capacidade produtiva foi afetada. Agora, o que tem sido feito é o investimento em pesquisas para reverter esse quadro. O Salon Du Chocolat é o pontapé inicial para reaquecermos o setor”, explica Almir Martins, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac/Cepec).
A formação de preços também precisa ser rediscutida, segundo o presidente da Associação dos Produtores de Cacau do Sul da Bahia (APCACAU), Guilherme Galvão Pinto. “O preço que o cacau é vendido não remunera o produtor. Há uma variação muito grande na formação do preço por conta do dólar. Para se ter idéia, hoje, o preço varia entre R$ 75 e R$ 80. Há três anos, a saca era vendida a R$ 105. Os anos passam e o preço diminui, mas todo produtor acha que deve ser, pelo menos, o dobro”, enfatiza.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de chocolate do mundo e, no País, o mercado movimenta cerca de R$ 9,5 bilhões. “Na Bahia, com certeza, é algo em torno de R$ 1,5 bilhão ao ano”, revela Durval Libânio, da Câmara Setorial do Cacau. O Salon Du Chocolat, que já passou por Paris, Nova York, Tokyo e outros países, começa hoje e segue até domingo no Centro de Convenções da Bahia. No evento, o público conhecerá toda a cadeia produtiva do chocolate, desde os produtores de amêndoa até as principais chocolateiras mundiais. A entrada custa R$ 20. Texto Carine Andrade.