Técnicos do Togo conhecem cadeia produtiva da mandioca
A equipe de pesquisadores africanos encerrou a visita em uma loja de produtos feitos a partir da mandioca
Vitória da Conquista fez parte do roteiro montado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que apresentou a pesquisadores do Togo, país localizado no oeste da África, a cadeia produtiva da mandioca e a diversidade de produtos que têm a raiz como matéria-prima. Durante 12 dias, os africanos participaram de uma programação de treinamento em processamento agroindustrial de mandioca no estado da Bahia. Conquista foi uma das cidades que serviram de exemplo e foi visitada pelos pesquisadores no início desta semana.
De acordo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Joselito Motta, a atividade faz parte do programa de transferência de tecnologia entre o Brasil e países da África, cuja finalidade é reforçar, por exemplo, as áreas de produção, transformação e mecanização agrícola para pequenos produtores. “Essa visita tem o intuito de aprimorar o conhecimento em relação à mandioca. Eles conheceram a realidade de pequenos agricultores da Bahia, por meio de excursões técnicas e oficinas, tomando conhecimento desse vasto cenário que a mandioca oferece”, disse o pesquisador.
Segundo Joselito, “a região de Conquista criou uma vocação muito grande para a questão da transformação da mandioca e a cidade tem se destacado no cenário brasileiro como um dos grandes polos de produção de derivados do produto, principalmente, a partir da fécula”. Na cidade, os togoleses conheceram a Central de Abastecimento (Ceasa), pequenos produtores de biscoitos, casas de farinha, indústrias dos Campinhos e do Simão e lojas que vendem produtos derivados da mandioca.
“A partir dessa experiência, nós vamos buscar financiamentos para tentar montar no Togo pelo menos 2% do que a gente viu. Em uma única fábrica aqui em Conquista, nós vimos 40 tipos de produtos feitos a partir da mandioca. Temos que tentar dinamizar o nosso mercado, que ainda tem a sua produção a partir de processos manuais. Essa viagem vai nos ajudar muito, pois o que vimos já nos deu muitas ideias”, contou o especialista em agronomia de mandioca, Komi Amouzou Somana, integrante da comitiva.
As técnicas e a diversidade de produtos vistos durante a passagem por Conquista surpreenderam o representante da Associação de Produtores de Mandioca do Togo, Komlanvi Amezando Adiawotso. “É difícil fazer o que o Brasil faz, é praticamente impossível poder montar no Togo, por exemplo, uma loja como a que visitamos, mas os exemplos de processamento que vimos aqui no Brasil, nós vamos levar pelo menos a metade para mostrar aos nossos produtores que existem outras oportunidades a partir da mandioca”, afirmou o representante.
No Togo, a mandioca é o segundo principal produto da sua agricultura, mas a partir dela só existe, no país, a produção de três derivados: o garí – que parece a nossa farinha de puba; o fufú – uma espécie de pasta feita de fécula; e a tapioca – que foi levada do Brasil para lá no início do século XIX.
Representando o prefeito Guilherme Menezes durante a visita, o assessor especial do Gabinete, Gildásio Silveira, destacou o fato de Vitória da Conquista ter se tornado referência para outros países: “Essa diversificação de produtos feitos a partir da mandioca, que encontramos aqui em Conquista, tem sido referência para países da África como também para países da Ásia e da própria América Latina. São diversas missões que objetivam ver o que a gente produz, a qualidade e as formas, que vão das mais simples às mais sofisticadas”.
Segundo ele, isso é fruto de uma bem-sucedida política do Governo Participativo, iniciada em 1997. “Desenvolvemos uma política de fortalecimento da agricultura familiar, possibilitando em vários espaços a comercialização desses produtos, dando oportunidades para o pequeno produtor e para o pequeno fabricante”, completou o assessor.
A proprietária da loja de produtos feitos a partir da mandioca, Patrícia Ribeiro, recebeu a comitiva em seu estabelecimento e disse que a visita dos pesquisadores reflete uma preocupação que começa bem antes dos produtos chegarem à loja. “A nossa preocupação é fazer produtos de qualidade e diferenciados, e isso tem início lá fábrica”, afirmou a empresária, que alia o bom atendimento à diversidade para manter-se no mercado. “São mais de 17 anos, sempre buscando melhorar, desde o atendimento e os tipos de produtos até a estrutura física”, ressaltou Patrícia.