Uesc realiza I Feira de Ciências na Comunidade Quilombola do Jatimane
Objetivo promover a etnociência como ferramenta de combate ao racismo
A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) realizou a I Feira de Ciências no Quilombo do Jatimane, em Nilo Peçanha, resultou da Chamada Pública do CNPq e MCTI (nº 02/2023), que promoveu feiras científicas voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira e indígena, e do Projeto de Extensão “Saberes em Sintonia: Etnociência e Educação Ambiental”.
O projeto tem como coordenador geral o o professor doutor Alexandre Schiavetti, do Departamento de Ciências Ambientais e Agrárias (DCAA) e execução dos Pesquisadores Ilana Araújo e Fernando Grenno.
Parcerias
Resultado de uma parceria entre a Associação Comunitária do Jatimane (ACJ), a iniciativa Saberes Costeiros, a Uesc e a Secretaria de Educação de Nilo Peçanha, a Feira teve como objetivo promover a etnociência como ferramenta de combate ao racismo.
Atividades prévias ao evento, incluiram uma palestra ministrada pela professora doutora Flávia Alessandra de Souza, da Uesc, sobre a implementação da Lei nº 10.639/2003 e as Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, reunindo mais de 50 profissionais da Educação Básica de Nilo Peçanha.
A Feira na comunidade quilombola do Jatimane, reunindo mais de 200 participantes, entre estudantes, professores e visitantes.
Apresentações
Durante o evento, foram apresentados projetos científicos elaborados por estudantes da Educação Infantil, Fundamental I, II, e EJA da Escola Nossa Senhora das Graças e do Grupo Escolar Nair Lopes Jenkins.
Os projetos abordaram uma diversidade de temas, incluindo a cadeia produtiva da piaçava-da-bahia e seu valor cultural e econômico, o uso de plantas e ervas medicinais, os saberes dos mestres locais, a culinária regional, a importância dos biomas brasileiros e sua preservação, o artesanato local e a contribuição de figuras de destaque na luta e cultura afro-brasileira e indígena.
Eleildes do Rosário, quilombola e presidenta da ACJ, falou sobre o sucesso do evento: “O resultado da Feira também foi muito positivo para a educação da comunidade e para a gente que vem buscando uma educação de qualidade e com identidade. Posso dizer que a Feira foi um sucesso”.
Saberes tradicionais
Ela ainda comentou sobre o impacto deste momento para a transmissão de saberes tradicionais: “a gente pôde trazer usos que já estavam adormecidos e mostrar para nossas crianças tudo aquilo que os nossos antepassados já fizeram.
Ver a criança presenciar isso dentro da escola para mim foi muito impactante”.
Ainda assim, por sua parte, Joseildo Silva do Rosário, professor da Escola Municipal Nossa Senhora das Graças de Jatimane definiu a Feira como “um momento único, um momento ímpar”, destacando ainda a empolgação dos discentes durante o evento: “vê-los tão motivados para falar daquilo que é seu, que é próprio da comunidade, e resgatar tudo isso, para nós, comunidade e escola, foi fantástico demais”.
Participaram também deste dia, representantes da Fundação Cultural Palmares (FCP) e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).
Sepromi
Vilas-Boas, representante da Sepromi, descreveu o evento como um dia “para promover a valorização dos saberes locais”.
Professor Emerson Lucena, como representante da Pró-Reitoria de Extensão da Uesc, destacou a Feira como “de suma importância para toda comunidade.
Mas, em especial para os alunos e as alunas quilombolas, que possuem uma ótima oportunidade de mostrar os seus conhecimentos e aprender novos.
Prioritariamente, por meio de estudos e pesquisas realizadas em suas unidades escolares, popularizando a Ciência”.
Mais do que uma exposição
O coordenador pedagógico das escolas do Campo 1 e 2 de Nilo Peçanha, Paulo Aleluia, disse que “A I Feira de Ciências no Quilombo Jatimane foi muito mais que uma exposição.
Com efeito, foi uma celebração de saberes ancestrais e do conhecimento científico, onde as crianças protagonizaram apresentações inspiradoras que uniram tradição e ciência.
Enfim, uma troca cultural e educativa que mostrou o valor da aprendizagem integrada, fortalecendo a identidade comunitária e também a valorização da cultura local”.
Assim sendo, a I Feira de Ciências no Quilombo do Jatimane representa um marco nas ações colaborativas e diálógicas entre universidade e sociedade.
Portanto, este evento, orientado ao fortalecimento da identidade cultural afro-brasileira e indígena, demostra, na prática, como a ciência e os saberes tradicionais devem ser aliados na promoção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva.