Vila Junina atrai curiosos, visitantes e apaixonados pelo sertão
É notório que, na estrutura montada no Centro Glauber Rocha para o Arraiá da Conquista, a Vila Junina é o espaço em que os visitantes se sentem mais próximos do clima sertanejo que emana das festas de São João. A decoração do espaço, assim como a de outros ambientes instalados no Centro Glauber Rocha, leva a assinatura do artista plástico Arisson Sena.
As casinhas de pau-a-pique vendem quentão, licor, amendoim e toda sorte de guloseimas típicas juninas. Lá também se vende literatura de cordel. E há ainda o pequeno palco onde se apresentam artistas munidos do mínimo básico para se montar um forró de verdade: sanfona, zabumba e triângulo. “A Vila Junina é aquele lado do carinho que a gente faz a São João, representando a ideia da vida no campo, da zona rural, com as barracas de artesanato e vendendo comida. E o palco do forró”, explicou a secretária municipal de Cultura, Tina Rocha.
“Aqui é minha história” – Foi a busca por esse clima que motivou o motorista Alexandre Aguiar, 36 anos, a ir à segunda noite do Arraiá da Conquista, na quinta-feira, 22. A Vila Junina, lugar onde ele diz se sentir “familiarizado”, foi o primeiro espaço a ser visitado por ele, acompanhado pela esposa, Carla, 36, e pela filha, Ana Luiza, 12.
“É uma pena eu não ter vindo ontem, porque eu estava viajando. Isto aqui é minha história. Fui criado nesse meio, de gente meio caipira, meio sertaneja. Adoro, adoro mesmo”, contou Alexandre, que disse nutrir um forte sentimento por Vitória da Conquista: “Amo minha cidade. Sou nascido aqui, criado aqui e quero morrer aqui. Meus pais e a minha família todinha são daqui”.
“Estou adorando” – Outro sertanejo legítimo, Érico Costa e Silva, 22, também sentiu lembranças da infância ao passar pela Vila Junina na mesma noite. “É o meu primeiro dia, e estou adorando”, disse o jovem, que passou a infância na zona rural de Anagé. Ele apreciou a organização do cenário. “Estou achando legal. As casas de pau-a-pique ficaram bem feitas. O tipo de artesanato que estão apresentando também ficou legal”, elogiou.
A estudante Taís Alves, 18, que o acompanhou na visita à Vila Junina e ao Arraiá da Conquista, demonstrou especial apreço pelos tecidos de chita e pelo som produzido pelos músicos. “Trazem mesmo essa lembrança do São João, que, às vezes, se perdem”, observou.
“Legal, bonito, autêntico” – Mas a Vila também atrai as atenções de pessoas que, aparentemente, não guardam relações diretas com o universo do sertão. É o caso do assistente operacional Carlos de Jesus Filho, 55 anos, um soteropolitano que se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança e, todos os anos, viaja a passeio a Vitória da Conquista, onde mora sua mãe.
Embora esteja habituado a viver em capitais de grande intensidade urbana, ele garante ter intimidade com fogueiras, fogos de artifício e quadrilhas juninas. “No Rio de Janeiro, nós tínhamos esses festejos. Agora, não temos mais. Mas até revivi a época em que tinha festa junina, quadrilha. Para mim, é bem natural mesmo”, relatou.
Sua esposa, Diná, 55, reconheceu que não tem com as festas juninas a mesma identificação que o marido, mas fez questão de se deixar fotografar pela cunhada Eliene Silva – a anfitriã do casal em Vitória da Conquista – junto à fogueira cenográfica da Vila Junina. “Muito legal, muito bonito, bem autêntico mesmo. Coisas que a gente via passar na televisão, a gente está vendo aqui, ao vivo”, comemorou a visitante.
Assim, atraindo a curiosidade de sertanejos típicos, visitantes curiosos ou pessoas simplesmente interessadas em comer, dançar e se divertir ao som de um bom forró, a Vila Junina se consolida como uma tradição dos festejos juninos em Vitória da Conquista. “Nós estamos resgatando não só em termos musicais, mas em termos de decoração”, explica Tina Rocha. “Isto é uma lembrança, uma homenagem que a gente presta à zona rural. A Vila Junina é realmente a nossa menina dos olhos. É a nossa mascote da festa”.